Páginas

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Uma utilidade da história.

"A história interessa sobretudo ao homem ativo e poderoso que trava um grande combate e tem necessidade de modelos, de mestres, de consoladores que ele não consegue encontrar à sua volta e no presente. Era nesse sentido que Schiller se interessava por ela: pois a nossa época é tão miserável, dizia Goethe, que o poeta não pode mais encontrar no seu entorno os caracteres humanos de que carece para a sua obra. 
[...]
Para não perder a coragem e sucumbir de tédio no meio dos ociosos fracos e incuráveis, no meio de pessoas que querem parecer ativas quando são somente agitadas e febris, o homem de ação interrompe por um instante a sua corrida e toma fôlego na contemplação do passado. Mas o fim desta corrida é uma felicidade qualquer, talvez não a sua própria, mas, na maioria das vezes, a felicidade de um povo ou da humanidade inteira; a resignação lhe repugna, e ele utiliza a história como um remédio contra esta resignação."

Friedrich Nietzsche - Escritos sobre História

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Isto tudo é real.

Em dois parágrafos, a Rowling fez tudo ser real.

"Essas pessoas jamais vão entendê-lo! Ele vai ser famoso, uma lenda. Eu não me surpreenderia se o dia de hoje ficasse conhecido no futuro como o dia de Harry Potter. Vão escrever livros sobre Harry. Todas as crianças no nosso mundo vão conhecer o nome dele."

Minerva McGonagall - Harry Potter e a Pedra Filosofal

" - Me diga uma última coisa - disse Harry. - Isso é real? Ou esteve acontecendo apenas em minha mente?
Dumbledore lhe deu um grande sorriso, e sua voz pareceu alta e forte aos ouvidos de Harry, embora a névoa clara estivesse baixando e ocultando seu vulto.
- Claro que está acontecendo em sua mente, Harry, mas por que isto significaria que não é real?"

Alvo Dumbledore - Harry Potter e as Relíquias da Morte

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Doce dezembro.

Mais um mês de dezembro se inicia [embora ele de fato tenha começado há três dias] e me mostra o porquê dele ter se tornado tão importante em minha vida. Há três dezembros, este mês nada tinha de especial além do Natal e férias. Mas nunca foi meu mês favorito. Nunca gostei do calor e este fato sempre me fez detestar final de ano, janeiro, fevereiro.. até três anos atrás.

Há três anos, num dezembro quente como este que se anuncia em Curitiba, eu nada tinha de especial a esperar da vida. Entretanto, eu nunca poderia ter estado mais errada do que naquele dezembro. Naquele mês de 2009 meu coração me foi roubado. Naquele mês eu tive certezas para toda a minha vida, certezas dadas a mim por Deus. A primeira certeza de que tive naquele mês foi logo realizada. Sim, ele era meu futuro namorado, meu futuro amor. E em poucos dias, estávamos juntos. A segunda certeza que tive naquela noite de dezembro se realizará em menos de três meses, quando nos tornarmos para sempre, perante todos, um só. A última certeza que tive naquela noite quente eu espero que se realize em dois anos, mais ou menos.

Mas todas as coisas que aconteceram entre os dias 16 e 29 de dezembro fizeram toda a minha vida ter novos significados, e a cada ano, ansiar por nosso tempo juntos, e lembrar, sempre nostálgica e feliz, como você fez meus dezembros mais doces..

Te amo, há quase três anos.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O poder da oração.

"Uma das melhores coisas que podemos fazer pelas pessoas em que temos interesse - pais, filhos cônjuges, amigos, família, vizinhos, colegas de trabalho, pessoas necessitadas em todo o mundo - é orar. Talvez não possamos oferecer-lhes boa saúde, segurança financeira ou proteção, mas podemos orar para que Deus as cure, sustente e mantenha seguras. 

A promessa de orar por outros é um dos melhores presentes que podemos dar. Cada vez que buscamos a presença de Deus e a liberação de seu poder em favor de alguém, grandes coisas acontecem. É o meio mais eficaz para tocar as pessoas e fazer diferença na vida delas. 

A oração mais importante que podemos fazer pelos outros é que venham a conhecer melhor a Deus e que Ele os ajude a compreender sua vontade, crescer em sabedoria espiritual e viver de maneira a honrá-lo. Podemos orar para que se pareçam mais com Jesus e produzam o fruto de seu Espírito.

Podemos pedir que Deus lhes abra o coração para que possam ouvi-lo. Isso não significa que sempre haverá uma resposta imediata. Algumas vezes pode levar dias, semanas, meses ou até anos. Nossas orações, entretanto, nunca se perdem ou são desvalorizadas. Se orarmos, algo ocorrerá na vida daqueles por quem oramos, quer percebamos quer não. Nada que precise acontecer em nossa vida e na vida de nossos entes queridos ocorre sem a presença e o poder de Deus. a oração convida e ativa ambos."

Bom dia - Stormie Omartian 

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Ansiedade - Noiva parte II.

A ficha do que é ser noiva caiu há muito tempo, mas com a data cada dia mais próxima, as antigas ansiedades parecem aumentar, além de todas as novas coisas a resolver em menos de três meses. Há muito o que fazer ainda, é verdade, mas o tempo insiste em se arrastar, fazendo com que o grande dia, a nova vida pareçam distantes demais. É a vontade de ter as chaves da nossa casa nas mãos, querem agendar as entregas de móveis, instalação da tv, internet e telefone. Querer fazer a primeira compra no supermercado, encher a geladeira e esquecer itens essenciais que só sentiremos falta quando precisarmos e não tivermos em casa. É querer acordar todos os dias no melhor abraço do mundo e dormir ao som da respiração dele que tanto me acalma. 

Ser noiva é sonhar com tudo isso o tempo todo, acordada ou dormindo.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Para onde vamos?

"Em termos bíblicos, a diferença entre fé verdadeira e falsa crença (ou descrença) é a diferença entre vida e morte, céu e inferno. [...] Até pouco tempo nenhum cristão que declarasse crer na Bíblia teria a menor dúvida sobre a importância de uma visão correta de Deus. Mas, nestes dias, parece que a igreja visível está dominada por pessoas que simplesmente não se interessam em fazer qualquer distinção cuidadosa entre fato e mentira, sã doutrina e heresia, verdade bíblica e opinião meramente humana. Até algumas das principais vozes entre os líderes evangélicos parecem decididas a subestimar o valor da verdade objetiva.

[...]

O movimento evangélico era conhecido por duas convicções teológicas inegociáveis. Uma era o compromisso com a exatidão absoluta e a autoridade das Escrituras - como a Palavra revelada de Deus, e não como fruto da imaginação, experiência, intuição ou ingenuidade humana (2 Pedro 1:21), A outra era uma forte crença de que o evangelho apresenta o único meio possível de salvação do pecado e do juízo - pelo graça por meio da fé no Senhor Jesus Cristo.
Nos últimos anos, no entanto, os evangélicos vêm assimilando espontaneamente o espírito dos tempos. Multidões - incluindo muitos que atuam como líderes espirituais - discretamente abandonaram essas duas convicções (ou simplesmente deixaram de falar e pensar nelas). O evangelicalismo agora deixou de ser algo semelhante a um movimento coerente. Em vez disso, tornou-se uma monstruosidade amorfa em que praticamente toda ideia e toda opinião exigem ser levadas à mesa para discussão, aceitas educadamente por todos e consideradas com igual respeito e estima."

A outra face - John MacArthur

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Onde a vida lhe fora roubada.

"Estava em vias de ir à sua terra, em vias de retornar ao lugar onde tivera uma família. Se não fosse por Voldemort, em Godric's Hollow ele teria crescido e passado todas as férias escolares. Poderia ter convidado amigos à sua casa... poderia até ter tido irmãos e irmãs... sua mãe é que teria feito seu bolo de dezessete anos. A vida que ele perdera nunca lhe parecera tão real como neste momento, em que sabia estar prestes a conhecer o lugar em que tudo aquilo lhe fora roubado. 
[...]
Tiago Potter, nascido 27 de março de 1960, falecido 31 de outubro de 1981
Lílian Potter, nascida 30 de janeiro de 1960, falecida 31 de outubro de 1981

Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte.
[...]
Eles, entretanto, não estavam vivos, pensou Harry: estavam mortos. As palavras vazias não podiam disfarçar que os restos dos seus pais jaziam sob a neve e o mármore, indiferentes, inconscientes. E as lágrimas vieram antes que ele pudesse contê-las, escaldantes e instantaneamente congeladas em seu rosto, de que adiantava enxugá-las ou fingir? Deixou-as cair, seus lábios contraídos, os olhos fixos na neve espessa que que ocultava o lugar onde jaziam os despojos dos seus pais, agora, certamente apenas ossos ou pó, sem saberem nem se importarem que seu filho sobrevivente se achasse tão perto, seu coração ainda palpitando, vivo por causa do seu sacrifício e quase desejando, neste momento, que estivesse dormindo com eles sob a neve."

Harry Potter e as Relíquias da Morte - J. K. Rowling

domingo, 7 de outubro de 2012

Minha querida Lucy..

"Comecei a escrever esta história para você, sem lembrar-me de que as meninas crescem mais depressa do que os livros. Resultado: agora você está muito grande para ler contos de fadas; quando o livro estiver impresso e encadernado, mais crescida estará. Mas um dia virá em que, muito mais velha, você voltará a ler histórias de fadas. Irá buscar este livro em alguma prateleira distante e sacudir-lhe o pó. Aí me dará sua opinião. É provável que, a essa altura, eu já esteja surdo demais para poder ouvi-la, ou velho demais para compreender o que você disser. Mas ainda serei o seu padrinho, muito amigo,

C. S. Lewis."

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Riso sob a chuva.

Através da janela embaçada pela chuva, ela via grossas gotas escorrendo do lado de fora. O céu cinza chumbo parecia chorar copiosamente, tal a intensidade daquela chuva e da dor que ela transmitia. Ela porém, apesar da dor que aquele dia cinza estava transmitindo, não conseguia despregar os olhos do cenário que sua janela lhe dava. A xícara de chá na mão, o livro solto ao lado da cama, a cabeça cheia de pensamentos e aflita. Era como se alguma coisa importante tivesse sido esquecida nos últimos dias, ou mesmo tivesse passado despercebida. 

Sentada ali, contemplando o dia choroso que se escorria lá fora, ela de repente notou algo que muito lhe atraiu. Entre todos os casacos e guarda-chuvas pretos e cinzas que quase se confundiam com a cor do dia, passou debaixo da janela dela um casal muito interessante. De mãos dadas, cada um debaixo do seu próprio guarda-chuva, ali estavam eles quebrando a monotonia daquele dia monocromático. Ela com seu guarda-chuva vermelho vivo e ele com seu guarda-chuva azul safira, andando e rindo, pois suas gargalhadas venciam a força do vento e da chuva, e entravam pela janela daquela moça com o chá na mão e o livro do lado.

domingo, 30 de setembro de 2012

Outro setembro.

Mais um setembro chega ao fim, e se despede por este ano com um sol fraco e um dia levemente gelado. As coisas pareciam correr lentamente nos últimos tempos, já que os dias para o ano seguinte teimavam em passar lentamente, fazendo com que o dia mais ansiado por ela ainda parecesse longe, distante demais. Sonhava com a vida vindoura todos os dias. Às vezes até, todos os momentos. Sabia que sua vida seria boa, tendo seu companheiro e amigo ao lado dela, por todos os setembros que viriam pela frente.

Ao acordar neste trinta de setembro, lembrou de tantos outros que viveu, sentada ali, vendo a vida passar mais do que vivendo. Tanta coisa e tantas histórias vinham a sua mente.. as tardes de preguiça e despreocupação da adolescência, quando uma briga com uma amiga era o maior problema com o qual tinha que lidar. Agora, sentada embaixo das cobertas, com seu café ao lado, se via muito mais velha, embora alguns anos apenas separassem estes dois momentos da sua vida. A menina ingênua e insegura fora abandonada há algum tempo, sendo gradativamente substituída por uma mulher, que crescia e amadurecia a cada dia novo que passava ao lado de seu companheiro.

Neste trinta de setembro ela sonha com coisas que quando nova, achava que demoraria muito tempo para desejar, e agora sabe que precisa realizar estes sonhos todos também para ter sua família completa, seu sonho perfeito.

Este setembro se despede melancolicamente este ano, anunciando que ano que vem ele será vivido de maneira totalmente nova e diferente, naquele cantinho que seria de sua família por tantos anos..

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A canção da fundação do mundo.

"No escuro, finalmente, alguma coisa começava a acontecer. Uma voz cantava. Muito longe. Nem mesmo era possível precisar a direção de onde vinha. Parecia vir de todas as direções, e Digory chegou a pensar que vinha do fundo da terra. Certas notas pareciam a voz da própria terra. O canto não tinha palavras. Nem chegava a ser um canto. De qualquer forma, era o mais belo som que ele já ouvira. Tão bonito que chegava a ser quase insuportável. O cavalo também parecia estar gostando muito [...].
 - Meu Deus! - exclamou o cocheiro. - Não é uma beleza?
E duas coisas maravilhosas aconteceram ao mesmo tempo.
Uma: outras vozes reuniram-se à primeira, e era impossível contá-las. Vozes harmonizadas à primeira, mais agudas, vibrantes, argênteas.
Outras: a escuridão em cima cintilava de estrelas. Elas não chegaram devagar, uma por uma, como fazem nas noites de verão. Um momento antes, nada havia lá em cima, só a escuridão; num segundo, milhares e milhares de pontos de luz saltaram, estrelas isoladas, constelações, planetas, muito mais reluzentes e maiores do que em nosso mundo. Não havia nuvens. As novas estrelas e as novas vozes surgiram exatamente ao mesmo tempo. Se você tivesse visto e ouvido aquilo, tal como Digory, teria tido a certeza de que eram as estrelas que estavam cantando e que fora a Primeira Voz, a voz profunda, que as fizera aparecer e cantar.
[...]
A Voz na terra estava agora mais alta e triunfante , mas as vozes no céu, depois de entoar com ela por algum tempo, tornaram-se mais suaves.
Longe, perto da linha do horizonte, o céu se acinzentava. Movia-se uma aragem leve e refrescante. O céu naquele ponto tornava-se gradualmente mais pálido. Já se viam formas de colinas recortadas contra ele. E a Voz continuava a cantar.
[...]
O céu do oriente passou de branco para rosa, e de rosa para dourado. A Voz subiu, subiu, até que todo o ar vibrou com ela. E quando atingiu o mais potente e glorioso som que já havia produzido, o sol nasceu.
[...]
A terra tinha muitas cores - cores novas, quentes e brilhantes, que faziam a gente exaltar... Até que se visse o próprio Cantor. Então, todo o resto seria esquecido.
Era um Leão."

As Crônicas de Nárnia - O sobrinho do Mago
C.S. Lewis

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Marta e Maria e os reflexos de hoje.

"Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos. Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me. Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas cousas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma cousa só: Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada."
Lucas 10: 38-42.

Embora Jesus tenha deixado claro acima à ambas as mulheres que devia ser prioridade na vida das pessoas o convívio com Jesus, vejo hoje no meio cristão - de maneira muito frequente - as pessoas preferindo agir como Marta, gastando o seu tempo com atividades e tarefas sem um propósito verdadeiro maior, ao invés de agir como Maria, que preferiu se sentar e contemplar o Mestre, desfrutar da comunhão ali presente.

Um ativismo estúpido tem invadido muitas igrejas, levando as pessoas a fazerem mais e mais eventos, sem se preocupar realmente em viver. Viver o compromisso de Cristo, viver o exemplo por ele dado, viver a comunhão dada por ele a nós todos, para desfrutarmos com nossos irmãos.

Este cristianismo burro e preguiçoso que vem contaminando nossas igrejas, enraizando fundo um hábito, um vício de ser "sem cultura" leva facilmente a mente das pessoas à ações vazias. São muitos "flashmobs evangelísticos" para pouco olhar e ajuda ao próximo, carente na esquina pedindo um pão. São muitos cultos para ocupar o sábado à noite dos jovens para pouca comunhão e amor verdadeiros. Enquanto estamos todos na igreja todo mundo se ama e é feliz, mas as pessoas realmente se importam em saber como vai a vida, os sonhos e os problemas de cada um?

Não quero, por meus escritos, ser acusada de acomodada. Eu sou do tipo de pessoa que acredita que "eventos evangelísticos" devem ocorrer fora da igreja, e acredito também que para evangelizar uma pessoa eu não preciso falar incansavelmente do amor de Cristo. Eu preciso vivê-lo e transmiti-lo.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Aquela velha conhecida.

Não sabia de onde toda esta tristeza tinha vindo. Só sabia que ela havia chego e tomado lugar dentro do seu peito, como uma velha conhecida, de tempos frios e sombrios. Nem mesmo o sol do lado de fora de sua janela aquecia o seu peito naquele dia triste. Parecia que muita coisa boa que havia dentro dela fora sugada, roubada de si, mas na verdade era que muita coisa triste havia entrado nela, e hoje ela só tinha solidão. Passou horas tentando entender como aquilo voltara, como esta tristeza apareceu de maneira tão repentina e violenta, e chegou a uma conclusão: foram decepções demais no últimos tempos, notícias preocupantes nos últimos dias e tudo isso lhe tirou a paz e a alegria. Mas ela sabia que não podia se entregar, não podia permanecer assim. Sua dor machucava pessoas que ela ama muito, e por isso precisava reagir, embora ela ainda não soubesse como, ou se teria forças. 

Por mais que não soubesse o que fazer, resolveu tomar um banho, para esfriar a cabeça e torcer para a tristeza ir embora, junto com a água que lavaria seu corpo. Era melhor do que ficar definhando na cama, tendo pensamentos cada vez piores e mais tristes. Isso, ela já sabia bem, só a arrastaria ainda mais fundo, e não era esta a sua vontade.

Talvez uma tarde de sol, deitada na grama de um parque ao lado do seu amor lhe restabelecesse suas forças e alegria. Talvez só uma boa notícia, um sorriso amigo o fizessem também.

Podia não estar feliz nem esperançosa neste momento, mas decidiu lutar pela esperança, lutar para acreditar que as coisas ficariam melhores, pois isto era o melhor que ela poderia fazer para deixar a velha conhecida no lugar dela, no passado.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Desabafo de uma alma desesperada.

Hoje a vontade é chorar e chorar. Chorar o dia todo, para ver se toda a tristeza, toda a decepção que se instalou ali dentro vai embora, escorre pela pia do banheiro onde ela está debruçada. Não consegue entender os problemas frequentes, os poucos dias de tranquilidade, os problemas que vão e voltam. Parecia que toda vez que resolviam um problema na vida deles, outros três apareciam no lugar, e ela estava cansada, sem forças e sem fé para continuar de pé. 

Por mais que ela busque e tente acreditar que as coisas melhorarão, hoje ela não consegue mais ter fé e esperança. Talvez amanhã ela acredite nas coisas boas de novo. Hoje ela só vê cinza e frio no mundo, porque é isso que tem dentro dela.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Para não me afogar.

Nem açúcar e nem afeto hoje por aqui. Um café amargo e uma tarde fria e escura, mesmo com o sol brilhando lá fora. Dúvidas, raiva e tristeza. Decepção com pessoas demais. Dificuldade em entender as pessoas que não sabem lidar com problemas de forma adulta, e que continuam choramingando e de mimimi por aí, como se ainda fossem adolescentes. Ou sou velha demais para a idade que tenho ou as pessoas são imaturas demais para a idade que tem. 

Posso não ser a melhor ou mais madura pessoa do mundo, mas já vi tanta coisa na vida, já vivi tanta coisa que a gente aprende a dar valor para o que interessa, a relevar quando outras pessoas tem opinião contrária, e mais importante, hoje eu tenho opinião e sei defendê-la. Não preciso agradar o mundo todo para ser feliz. Não consigo é entender que não sabe ouvir um "não", não sabe argumentar e por isso passa a agir como criança, que vai chorar na barra da saia da mãe. Falta caráter e atitudes coerentes às pessoas e isso já me encheu. 

Vou me fechar no meu casulo e viver a minha vida.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Marguerite.

"Havia nela uma certa candura. Via-se que ainda era virgem de libertinagem. Seu passo firme, a silhueta esguia, as narinas róseas e abertas, os olhos enormes e levemente circundados de azul denotavam uma dessas naturezas ardentes que expandem ao seu redor um perfume de voluptuosidade, como aqueles frascos do Oriente que, por mais bem fechados que estejam, deixam escapar o aroma do licor que contém.

Enfim, fosse natureza, fosse consequência do seu estado doentio, de vez em quando passavam relâmpagos de desejo pelos olhos daquela mulher e eles revelavam que sua entrega poderia ser como uma revelação do céu para aquele que Marguerite amasse. Mas aqueles que a haviam amado não contavam, e os que ela havia amado contavam menos ainda.

Em resumo, reconhecia-se naquela moça a virgem que um nada tornara cortesã e a cortesã que um nada transformava na virgem mais amorosa e mais pura. Havia ainda em Marguerite orgulho e independência, dois sentimentos que, feridos, são capazes de fazer o que faz o pudor."

A Dama das Camélias - Alexandre Dumas Filho.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

A gente cresceu.


A alma chegava a doer quando ouvia esta música. Era como se a vida lhe jogasse na cara tudo o que ficou pelo caminho ao crescer. Lembrava das tardes e manhãs preguiçosas, quando era nova, as preocupações poucas e os amigos muitos. Podia não ter a Praia do Pinhal para lhe fazer lembrar de tudo o que passou em sua vida, mas tinha tantas memórias, fotos e saudade dentro de si.

Via quando seus antigos amigos saiam uns com os outros, e ela se culpava por tê-los perdido, ter afastado-os de sua vida. Quando percebeu que a gente cresceu, sua alma desejou voltar a tê-los consigo, por mais difícil que isso parecesse de ser conseguido. 

Enquanto Pinhal toca ao fundo, ela volta à memória, lembrando de risos, amizades e histórias que viveu com tanta gente, que sim, seu coração se aperta de saudade e nostalgia, mas ao mesmo tempo ela não mudaria o estado de felicidade em que vive hoje, com alguém que durante um tempo esteve ali, perto na sua maneira .

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Cartas de um diabo a seu aprendiz.

"Querido Vermebile,
Fiquei muito contente com o que você me disse sobre o relacionamento desse homem com a mãe. Mas você deve persistir. O Inimigo trabalha de dentro para fora, transformando gradualmente as ações do paciente para que correspondam ao novo padrão, e talvez até mesmo a conduta dele para com a velha senhora mude a qualquer momento. Seria bom você intervir primeiro. Mantenha sempre contato com o nosso colega Gomalósio, que é responsável pela mãe, e fortaleçam os dois naquela casa o bom e estável hábito da irritação mútua, das alfinetadas diárias. Os métodos que descreverei a seguir são de grande valia.

1. Faça-o prestar atenção apenas na sua vida interior. Ele pensa que sua conversão é algo que se deu dentro dele e que sua atenção está, portanto, voltada nesse momento para os estados do seu próprio espírito - ou pelo menos para a versão mais purificada deles, que é tudo o que você deve permitir que ele veja. Encoraje esse sentimento de introversão. Mantenha-o distante dos deveres mais elementares voltando sua atenção para os deveres espirituais mais avançados. Faça o possível para piorar essa útil característica humana, o horror e a negligência em relação às coisas óbvias. Você deve mantê-lo num estado tal que ele posso perscrutar a si mesmo durante uma hora sem descobrir nenhum desses fatos sobre ele mesmo, fatos que são perfeitamente visíveis para quem quer que viva com ele na mesma casa ou trabalhe com ele no mesmo escritório.

2. Certamente , é impossível impedir que ele reze pela mãe, mas temos meios de fazer com que as preces não tenham efeito. Certifique-se de que sejam bem "espirituais", que ele sempre se preocupe com o estado da alma da mãe, e nunca com o seu reumatismo. Disso advêm duas vantagens. Em primeiro lugar, ele prestará mais atenção naquilo que ele julga serem os pecados da mãe - se você guiá-lo um pouco, poderá induzi-lo a considerar qualquer um dos atos que ele julga inconvenientes ou irritantes como pecados. Assim, você poderá cutucar um pouco as feridas do dia mesmo enquanto ele estiver de joelhos. Toda essa operação não é nem um pouco difícil, e você achará tudo bem divertido. Em segundo lugar, já que as ideias dele sobre a alma da mãe são muito rudimentares e em sua maioria errôneas, ele, em algum grau, irá rezar por uma pessoa imaginária dia após dia cada vez menos parecida com a mãe verdadeira - a senhora de língua ferina que irrita o filhos à mesa do café da manhã. Com o tempo, você conseguirá aprofundar a distância entre eles de tal forma que nenhum pensamento ou sentimento advindo das preces pela mãe imaginária jamais alcançará ou servirá de ajuda à mãe verdadeira. Já tive tamanho controle sobre alguns de meus pacientes, que conseguia desviar sua atenção, num segundo, da prece fervorosa pela "alma" de uma esposa ou de um filho para o ato de insultar ou bater na esposa ou no filho sem nenhum remorso."

C. S. Lewis

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Frio e saudade.

Quando chega o frio bate aquela vontade de estar junto, aquela sensação de necessidade, de carência. Não que em outros dias ela não queira a companhia dele, mas no frio a vontade é maior. É querer se aninhar no peito do amor, sentir a respiração quente dele a aquecendo, ter as mãos macias acariciando o rosto, trazendo o sono e a tranquilidade com ele. Tudo o que ela mais precisa é tê-lo para sempre ao seu lado. 

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Sacudindo o cansaço.

Passou tempo demais com a mente ocupada, o que a deixou ausente de seus livros, que eram seus amigos e fonte de inspiração. O período que vinha se estendendo por sua vida a afastou da tranquilidade que ela preza, dos momentos de introspecção e leitura, com a xícara de chá ao lado e uma manta nos pés. A vida estava agitada ultimamente, mas ela decidiu que daria um jeito de recuperar seus momentos de leitura.

Cada livro seu passaria por uma vistoria. Limparia, sacudiria a poeira e os rearrumaria na estante. A partir disso reordenaria os novos títulos que leria, os clássicos que precisavam ser relidos e os queridos dela, que sempre foleava, lia trechos e sorria, mesmo que sem motivos aparentes. Depois de retomar seus livros, ela sabia que sua alma ficaria mais leve também. Era como se todo o stress, o cansaço e a correria do dia-a-dia ficassem esquecidas quando sentava e entrava em outro mundo. 

sábado, 10 de março de 2012

E este é só o começo..

"Veja você, onde é que o barco foi desaguar
A gente só queria o amor
Deus parece às vezes se esquecer
Ai, não fala isso por favor
Esse é só o começo do fim da nossa vida
Deixa chegar o sono, prepara uma avenida
Que a gente vai passar.
Veja você, quando é que tudo foi desabar
A gente corre pra se esconder
E se amar, se amar até o fim
Sem saber que o fim já vai chegar.
Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar.
Abre a janela agora
Deixa que o solte veja
É só lembrar que o amor é tão maior
Que estamos sós no céu
Abre as cortinas para mim
Que eu não me escondo de ninguém
O amor já desvendou nosso lugar
E agora está de bem.."

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Matilda lindinha.

"Desse dia em diante, todas as tardes, logo depois que a mãe saía para o bingo, Matilda ia até a biblioteca. Era uma caminhada de apenas dez minutos, e assim lhe sobravam duas horas gloriosas para ficar sentada em silêncio, sozinha, num canto tranquilo, devorando um livro atrás do outro. Depois de ler todos os livros infantis que havia na biblioteca, ela passou a percorrer as estantes, em busca de alguma outra coisa.
A sra. Fepls, que a observara fascinada durante as últimas semanas, levantou-se e foi falar com ela.
 - Posso ajudá-la, Matilda?
 - Estou pensando no que posso ler agora - Matilda disse. - Terminei todos os livros infantis.
 - Quer dizer que já viu todas as figuras?
 - Vi, mas também li os livros.
A sra. Felps olhou para Matilda lá de cima e Matilda olhou para ela lá de baixo.
 - Achei alguns muito ruins - Matilda continuou -, mas outros são ótimos. O que eu mais gostei foi O Jardim Secreto. É cheio de mistério. O mistério do quarto atrás da porta fechada e o mistério do jardim atrás do muro alto...
A sra. Felps estava pasma.
 - Quantos anos você tem, Matilda?
 - Quatro anos e três meses - respondeu a menina.
[...]
 - Tente este - disse ela, finalmente. - É muito famoso e muito bom. Se for longo demais para você, é só falar comigo, que eu procuro algum outro mais curto e um pouco mais fácil. 
 - Grandes esperanças - Matilda leu -, de Charles Dickens. Eu gostaria muito de tentar ler este.
[...]
Nas tardes que se seguiram, a sra Felps não conseguia tirar os olhos daquela garotinha, que ficava sentada horas e horas na poltrona do fundo da sala, com o livro aberto no colo. O livro era muito pesado para Matilda segurá-lo levantado. Então ela o apoiava no colo e se inclinava para a frente para conseguir ler. Era estranho ver aquela pessoinha de cabelos escuros, cujos pés nem alcançavam o chão, sentada ali, totalmente absorvida pelas maravilhosas aventuras...
[...]
A partir de então, Matilda passou a ir à biblioteca apenas uma vez por semana, para devolver os livros que terminara de ler e retirar outros. Seu pequeno quarto de dormir tornou-se sua sala de leitura. Quase todas as tardes ela se sentava para ler, frequentemente com uma caneca de chocolate quente ao seu lado. Era gostoso levar uma bebida quente para o quarto e deixá-la a seu lado enquanto lia quietinha, durante a  tarde, na casa vazia. Os livros a transportavam para mundos novos e a apresentavam a pessoas diferentes, que viviam vidas incríveis. Matilda navegou em veleiros antigos com Joseph Conrad. Foi para a África com Ernest Hemingway e para a Índia com Rudyard Kipling. Viajou pelo mundo todo, sentada em seu quartinho, numa cidadezinha inglesa."

Matilda - Roald Dahl

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Cheiros de livros.

Saborear um livro tinha muitas nuances e caminhos diferentes para ela. Adorava comprar livros novos, ainda embalados no plástico, para abri-los lentamente em sua sala, sentada no canto predileto do sofá. Tinha todo o ritual de tirá-lo da embalagem, folhear vagarosamente as folhas aleatoriamente, cheirar o livro, procurar por algum eventual erro de fabricação, e cheirar de novo. Cheirar muito o livro.

Seus livros novos, recém saídos do plástico tem cheiro de descoberta para ela. É como se o cheiro do livro a convidasse para desvendar todos os segredos e surpresas gravados em suas letras. Como se o objeto-livro quisesse ser manuseado cuidadosa e atentamente, como que desejando ouvir as risadas do leitor, como também, eventualmente depositar as lágrimas de emoção ou tristeza por ele despertadas.

Por outro lado, ao entrar num sebo comprar algo, ou mesmo ir até a biblioteca de sua vida toda emprestar algum livro, procurava sempre pelos livros mais antigos - mas tentando achar algum que não estivesse se desmanchando - aqueles de capa dura, de preferência, com as páginas já amareladas pelo tempo e pelos muitos manuseios. 

Nestes livros antigos, vindos de outras mãos e olhos, ela sentia um apego totalmente diferente. Adorava também o cheiro destes livros. Era um cheiro completamente diferente dos livros novos. O cheiro que exalava de livros antigos para ela era mais um viva todas as histórias que já passaram por aqui. Sentia que ao pegar um livro desses ela trazia para si um pouco de cada pessoa que já tinha o lido também, e isso era uma sensação que ela aprecia muito. Era como, além de conhecer a história escrita pelo autor, ela conhecesse um pouquinho cada história somada ao livro através das muitas leituras já feitas, e esta sensação era ótima.

Era bom perder-se entra pilhas de livros, novos e velhos, e apreciar as histórias e os cheiros.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Entre tricôs, crochês e lembranças.

Sentou-se confortavelmente no sofá da sala, então calmamente colocou seus óculos e pegou as agulhas de tricô. Para ela, tricotar era uma terapia, mesmo que soubesse fazer poucas coisas com as duas agulhas e suas lãs. Sentada a tricotar ela se via perdida entre pensamentos, porque enquanto as mãos estavam ocupadas fazendo seu trabalho artesanal, a mente se via livre depois de ligar o automático. 

Enquanto sua mente vagueava entre tarefas futuras, de planos e sonhos, viu-se de repente na tarde em que aprendeu a tricotar com aquela senhora que lhe era tão querida. A maior reclamação da dita senhora era que a moça apertava demais os pontos, sendo assim difícil fazer a próxima carreira. E no exato momento em que sorriu por lembrança tão simples e singela, lembrou-se de sua mãe a lhe ensinar os pontos de crochê. A reclamação de sua mãe era a mesma: pontos apertados demais, o que no crochê era um problema mais sério do que no tricô. 

A moça tentou de todas as formas possíveis afrouxar os pontos que dava, tentando relaxar as mãos, como via sua mãe fazer, tentou soltar mais de seu fio, tentou e tentou. Mas talvez a verdade seja que a moça gosta de ter as coisas apertadas em si, pertinho, juntas, e por dentro do coração ter tantos nós e pontos apertados, as mãos apenas refletissem isso. Não era falta de habilidade para trabalhos manuais, apenas excesso de sentimentos e sensações dentro do peito.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Neófito.

"Não há mais nada que me prenda ao que eu não quero mais fazer
Eles confundem ilusão com liberdade
Se dizem "sim" se dizem livres, mas não podem dizer "não"
Fazem de conta que a imitação é de verdade
Tanta teoria para me embriagar
Ninguém me entende, mas vou continuar.
Comecei por um dia e nunca mais eu vou parar.
Fui do  inferno ao céu e não quero mais voltar.
Não preciso e não vou me explicar.
Não há loucura quando os loucos já confundem os normais.
Eles comparam o dinheiro com a vida.
Se comprar sempre, mas se vendem. Nada sobra para contar.
Fazem de conta que a opção não escraviza.
Mas eu não posso parar de falar
O que os meus olhos não cansam de enxergar.
Que comecei por um dia e nunca mais eu vou parar
Fui do inferno ao céu e não quero mais voltar.
Não preciso e não vou me explicar."