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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Cheiros de livros.

Saborear um livro tinha muitas nuances e caminhos diferentes para ela. Adorava comprar livros novos, ainda embalados no plástico, para abri-los lentamente em sua sala, sentada no canto predileto do sofá. Tinha todo o ritual de tirá-lo da embalagem, folhear vagarosamente as folhas aleatoriamente, cheirar o livro, procurar por algum eventual erro de fabricação, e cheirar de novo. Cheirar muito o livro.

Seus livros novos, recém saídos do plástico tem cheiro de descoberta para ela. É como se o cheiro do livro a convidasse para desvendar todos os segredos e surpresas gravados em suas letras. Como se o objeto-livro quisesse ser manuseado cuidadosa e atentamente, como que desejando ouvir as risadas do leitor, como também, eventualmente depositar as lágrimas de emoção ou tristeza por ele despertadas.

Por outro lado, ao entrar num sebo comprar algo, ou mesmo ir até a biblioteca de sua vida toda emprestar algum livro, procurava sempre pelos livros mais antigos - mas tentando achar algum que não estivesse se desmanchando - aqueles de capa dura, de preferência, com as páginas já amareladas pelo tempo e pelos muitos manuseios. 

Nestes livros antigos, vindos de outras mãos e olhos, ela sentia um apego totalmente diferente. Adorava também o cheiro destes livros. Era um cheiro completamente diferente dos livros novos. O cheiro que exalava de livros antigos para ela era mais um viva todas as histórias que já passaram por aqui. Sentia que ao pegar um livro desses ela trazia para si um pouco de cada pessoa que já tinha o lido também, e isso era uma sensação que ela aprecia muito. Era como, além de conhecer a história escrita pelo autor, ela conhecesse um pouquinho cada história somada ao livro através das muitas leituras já feitas, e esta sensação era ótima.

Era bom perder-se entra pilhas de livros, novos e velhos, e apreciar as histórias e os cheiros.

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