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terça-feira, 27 de abril de 2010

Bloqueio de tudo.

Ontem eu travei. As letras estavam aflitas refletindo meu espírito inquieto, mas mesmo assim elas teimavam em não sair. Tentei de tudo. Falar de mim, criar um personagem, dar continuidade aos já criados. Tentei ser direta, tentei usar metáforas. Nada funcionou.

Meu coração está travado. Ele queria acalmar outros espíritos.
Queria também conseguir escrever.

Meus textos me aliviam, alguns me dão prazer e orgulho.
Gosto de escrever. Gosto de falar. É legal que me leiam, que descubram alguns dos meus pensamentos.

Mas travei. Fiquei frustrada com isso.Não gosto de quando minha já escassa criatividade me abandona. Não gosto de não saber como expressar o que penso.
Mas e como fazer pra colocar pra fora o que aperta o coração, o que inquieta a alma, quando nem seus pensamentos estão em ordem!? Sofro com isso.
Sou inquieta por natureza, insegura, impaciente.
Quero escrever, escrever, falar, falar e falar até descansar.

Alguém me ajuda?

sábado, 24 de abril de 2010

O Cavalo e Seu Menino.

"Teve tanta pena de si mesmo que as lágrimas começaram a deslizar por seu rosto.
Um susto interrompeu os seus tristes pensamentos. Alguém ou alguma coisa caminhava ao seu lado. Nas trevas não podia ver nada. E a coisa (ou a pessoa) ia tão silenciosamente que ele mal podia ouvir suas pisadas. Ouvia, sim, uma respiração: o invisível companheiro de fato respirava com vontade; devia ser uma criatura enorme. Foi um grande choque.
...
A coisa (se é que  não era uma pessoa) ia tão silenciosa que talvez fosse sua imaginação. Já estava certo disso, quando ouviu ao seu lado um suspiro grande e profundo. Não era imaginação! O fato é que sentiu o hálito quente desse longo suspiro na mão direita.
...
- Quem é voce? - murmurou baixinho.
- Alguém que esperava por sua voz. - respondeu a coisa. O tom não era alto, mas amplo e profundo.
- Você é... um gigante?
- Pode me chamar de gigante - disse a grande voz. - Mas não me pareço com as criaturas que voc~e chama de gigante.
...
Sentiu novamente o hálito quente da coisa no rosto e na mão.
- Morto não respira assim. Pode me contar suas tristezas, rapaz.
O hálito deu a Shasta um pouco mais de confiança.
...
- Não acho que voce seja um desgraçado - disse a grande voz.
- Mas não foi falta de sorte ter encontrado tantos leões?
- Só há um leão - respondeu a voz.
- Não estou entendendo nada. Havia pelo menos dois naquela noite...
- Só há um leão, mas tem o pé ligeiro.
- Como você sabe disso?
- Eu sou o leão.
Shasta escancarou a boca e não disse nada. A voz continuou.
- Fui eu o leão que o forçou a encontrar-se com Aravis. Fui eu o gato que o consolou na casa dos mortos. Fui eu o leão que espantou os chacais para que você dormisse. Fui eu o leão que assustou os cavalos a fim de que chegassem a tempo de avisar o rei Luna. E fui eu o leão que empurrou para a praia a canoa que você dormia, uma criança quase morta, para que um homem, acordado a meia-noite o acolhesse.
- Então foi você que machucou Aravis?
- Fui eu.
- Mas por que?
- Filho! Estou contanto a sua história, não a dela. A cada um só conto a história que lhe pertence.
- Quem é você?
- Eu mesmo - respondeu a voz, com uma entonação tão profunda que a terra estremeceu. E de novo: - Eu mesmo - com um murmúrio tão suave que mal se podia perceber, e parecia, no entanto, que esse murmúrio agitava toda a folhagem a volta.
...
O Grande Rei encaminhou-se para ele. A juba e um perfume estranho e solene, que nele pairava, cercaram o menino. O Leão tocou a fronte de Shasta com a língua. Os olhos de ambos encontraram-se. Depois, instantaneamente, a brancura da névoa misturou-se com o brilho ardente do Leao, num redemoinho de glória, e os dois sumiram. Shasta se viu só, com o cavalo, na relva de uma colina, sob um céu azul. Todas as aves do mundo cantavam."

As Crônicas de Nárnia - C.S. Lewis.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

terça-feira, 20 de abril de 2010

Existem letras que são escritas para serem mostradas a todos, outras apenas escritas, e se alguém as descobre, pois bem.
E há aquelas também que são escritas apenas para não serem esquecidas, porque elas não serão compartilhadas com alguém. Elas servem para tanta coisa: alívio, recordação, ou apenas para extravazar uma sensação muito intensa. 

[Postado originalmente em Simples Anexos - 15 de maio de 2009]

sábado, 17 de abril de 2010

Bambeando no samba.

"Não, eu não sambo mais em vão
O meu samba tem cordão
O meu bloco tem sem ter e ainda assim
Sambo bem à dois por mim
Bambo e só, mas sambo, sim
Sambo por gostar de alguém, gostar de..."


quinta-feira, 15 de abril de 2010

Camélias teinté de sang.


"Ela teimou e enfrentou / O mundo / Se rodopiando ao som / Dos bandolins...
Como fosse um lar / Seu corpo a valsa triste / Iluminava e a noite / Caminhava assim
E como um par / O vento e a madrugada / Iluminavam a fada / Do meu botequim...
Valsando como valsa / Uma criança / Que entra na roda / A noite tá no fim
Ela valsando / Só na madrugada / Se julgando amada / Ao som dos Bandolins..."

E como se fosse forte, a bailarina rodopiava toda noite ao som do choro triste do bandolim. Nao se sabia o que doia mais.. os golpes por ela realizados com o corpo ou as notas ecoando através do instrumento. Sabia-se apenas que era lindo se ver.. sua suavidade em meio a fúria e dor.
Porque querendo ou nao, a dor por vezes é suave, quando percebemos a beleza por trás dela, a beleza que se intensifica quando se encontra olhos sofridos, alma despedacada. Sente-se a tendencia de querer reconstituir o que havia antes da destruicao, nao sabendo que isso acabaria com o encanto..

***
Como a Dama das Camélias, a pobre Marguerite Gautier e seu amante loucamente apaixonado Armand Duval. Se o Dumas Filho nao tivesse sofrido, nao teria tido a inspiracao pra tal obra. Obra, diga-se de passagem, magnífica.
E por que amei? Porque é triste. Porque alguém morreu por amor, morreu por nao poder viver sem quem amava.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Tentando trocar de canal.


"Eu que não fumo, queria um cigarro
Eu que não amo você
Envelheci dez anos ou mais
Nesse último mês
Eu que não bebo, pedi um conhaque
Pra enfrentar o inverno
Que entra pela porta
Que você deixou aberta ao sair...
"
  
O vento entra por onde voce saiu. E eu tenho que me reconstruir. Nao está certo assim.
Tento continuar, mas meus ossos doem. Estao gelados. De alguma forma ja nao sinto o sangue correndo em minhas veias e tudo está anormalmente frio. 
Voce mentiu quando disse que me amava, ou eu que nao entendi teu amor? Tudo esta escuro e eu já nao sinto. Estou anestesiado.

Minha cabeca pesa e os olhos já nao conseguem se abrir. Depois de chorar tudo que podia, estou aqui deitado no chao, esperando que o frio passe. Mas ele insiste em aumentar. E minha cabeca pesa mais e mais. E tudo tem ficado mais longe. Voce já nao é mais o sonho que eu imaginei, mas mesmo assim, agora voce parece muito mais um sonho do que em qualquer outro momento que tivemos juntos. A menina que viveria para sempre comigo. Por que nao está comigo agora, por que me deixou aqui, me sentindo tao sozinho?

terça-feira, 13 de abril de 2010

Valsando no velho e sentindo o novo.

Já era tarde para que ela quisesse ir embora. Já não chegaria a tempo de realmente descansar. Não iria esquecer. O dia fora agitado. Os dois tiveram muito o que fazer, cada um no seu ritmo, cada um em suas prioridades. Estava tarde e ambos cansados. Ficou então acertado que ela dormiria ali.

Nunca dormiam juntos. E dormiam juntos todas as noites. Era o acordo deles. Estava certo assim. Aceitavam um ao outro como algo novo toda noite. O novo cheiro, o novo companheiro. Uma nova textura de pele, uma respiração calma, ou mais agitada. Tudo era novo, toda noite.

Ela tomou seu banho e aprontou-se para dormir. Escolheu o canto da cama. Nunca dormira ali, e dormia ali toda noite. Ele lia algo interessante.

Terminou o que fazia e por sua vez tomou banho. Quando deitou ela já dormia. Suavemente se colocou ao lado dela, envolvendo-a em seus braços. Braços quentes, novos e velhos. Novidade sentida, calor conhecido. Passaram a primeira noite assim. Mais uma noite de tantas já passadas juntos. Mas como sempre, era a primeira. Ela ouvindo as batidas do coração dele e ele a respirar na grande confusão que era o cabelo dela pelo travesseiro.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Entre o complicar e organizar.

Mais um blog. Tenho dois fotolog's, orkut, twitter, um blog privado e agora esse.
Meu primeiro blog foi o Simples Anexos, onde eu depositei tudo que senti, que vi, li e quis compartilhar. Mas meu blog virou muito mais um diário do que um blog. Parei de colocar minhas idéias, trechos de livros, letras de músicas. Entao resolvi criar um lugar para depositar esse meu alter ego. Não vou colocar aqui coisas pessoais. Vou colocar os textos úteis que já postei no Simples Anexos, colocar meus personagens que há muito estão esquecidos, enterrados na minha memória. Tudo de [pelo menos um pouco] inteligente que eu encontrar pela vida.

Vamos lá, tentemos ser criativos.
As letras me esperam. Meus pensamentos estão ficando acumulados. Estão juntando poeira, acumulados em gavetas perdidas, cadernos abandonados pelos cantos da minha mente. Vamos separá-los, tirar toda a sujeira, colocar em ordem.
Naã em ordem demais também, porque me perco em lugares super organizados.

Minha mente sempre foi complexa. Vamos para a complexidade da literatura.

Sejam todos bem-vindos!

Boas vindas.

Compulsão por escrever, mesmo que não sabendo ao certo como e o que escrever. Mania de palavras, necessidade de expressá-las, mesmo que por vezes soem como equivocadas. Tantos assuntos rondando minha cabeça procuram sair a qualquer momento, querendo ser impressas em papel, salvas em arquivos, ou apenas escritas.

Vontade eu tenho, talento, creio que não, mas nem esta falta me faz desistir, ou reprimir minha vontade. Escrevo como saída de uma vida vazia, como fuga de problemas pessoais ou pessoas problemas.
Elas me cansam.

Tudo é tão mais belo num papel. Juras de amor são mais românticas, textos sobre dor são mais tristes, contos de uma vida, mais intrigantes, causos alheios, mais interessantes. A vida se trabalhada num belo texto -por mais simples e corriqueira que seja- torna-se mais bela também.
Contos, causos, fábulas. Todas estórias de pessoas que acreditam contar histórias. Ah, mas o caminho é imenso e intransponível, embora muitas vezes despercebido pelos mais inocentes. Mas esse assunto já foi tratado outrora por pessoas muito mais capacitadas que eu, como Voltaire. Talvez num próximo texto..

[Postado anteriormente em Simples Anexos.]