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domingo, 22 de novembro de 2015

#Terminei - A guerra de Clara - Clara Kramer

Daqueles livros em que durante a leitura, você leva vários socos no estômago.

Comprei este livro há um ano e me arrependo de ter demorado tanto tempo para lê-lo. Nele, somos apresentados à comunidade judaica de Zolkiew, na Polônia. Ali viviam aproximadamente 5 mil judeus em 1939. Entre estes muitos judeus, conhecemos Clara Schwarz e sua família. 

As notas de imprensa na contracapa do livro o comparam ao Diário de Anne Frank, mas pra mim, os dois livros são totalmente diferentes. O Diário foi publicado como fora concebido: o diário de uma menina judia escondida dos nazistas. Nunca houve tempo para revisão ou narrativas paralelas às escritas por Anne no período que viveu no Anexo. O livro da Clara passou por um processo diferente, pois a autora sobreviveu ao nazismo e à Segunda Guerra Mundial e escreveu o livro muitas décadas depois dos acontecimentos (o livro foi publicado em 2008). Com estas diferenças na temporalidade da escrita dos livros, outras diferenças acabaram sendo sentidas entre os dois, e estas diferenças me fizeram amar A Guerra de Clara

Neste livro, começamos a acompanhar as famílias Reizfeld-Schwarz desde setembro de 1939 - quando a Alemanha invade a Polônia. Acompanhamos o crescimento das crianças da família, os casamentos que ocorrem nestes anos, os nascimentos, as festas religiosas. A noção de comunidade judaica é muito bem impressa neste livro, o que difere muito do Diário de Anne Frank, pois neste livro vemos pouquíssimo do período pré-anexo na família Frank. Com esta diferença na escrita, a empatia e carinho pela família de Clara cresceu em mim naturalmente ao passo que avançava na leitura. 

As pessoas mais próximas a mim sabem que eu admiro demais a cultura e religiosidade judaica. Sempre admirei as festas, a simbologia por trás de cada ato, de cada palavra, e Clara Kramer me trouxe muito da intimidade das comunidades judaicas em seu livro e serei sempre grata por - apesar de ter muita dor a narrar - ela ter dividido os bons momentos em família e comunidade conosco.

Apesar de a Alemanha ter invadido a Polônia em 1939, até 1941 a cidade de Clara fica sob domínio soviético, quando os alemães tomam a cidade. Embora a vida dos judeus sob o domínio soviético já estivesse ruim, ela só piora com a chegada dos alemães. A cada nova morte que Clara descobre e pranteia com seus familiares, eu chorava também. Houve momentos, (um em especial, mas que não contarei pois ele só faz sentido em toda sua força dentro do livro) que comecei a soluçar de tanto chorar. O Jonatha parou o que estava fazendo para me acalmar. Depois de calma, expliquei e li o trecho para ele, e antes de terminar a leitura mal conseguia falar, pois estava em lágrimas de novo.

O livro tem uma escrita boa, que flui, mas nunca leve. É impressionante que embora eu saiba muito sobre o Holocausto, já tenha lido outras narrativas, cada nova história é A história. É viver tudo aquilo ao lado da outra pessoa. Este livro, com certeza, é uma das narrativas do Holocausto que merece virar um clássico. É lindo e triste, como todos os outros. Recomendo.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Vida e correria.


Ando sumida, eu sei. A última postagem deste blog foi há mais de 2 meses, embora eu tivesse me comprometido comigo mesma a nunca mais deixar o blog sem texto novo por tanto tempo, mas eu tenho motivos. Podem parecer banais e pouco convincentes para você, mas são suficientes para mim.

O primeiro período de abandono crítico do blog ocorreu em 2013, ano em que casei e terminei minha graduação em história. Ano do meu primeiro emprego com carteira assinada também. Naquela época, ser casada era uma novidade desafiadora ainda. Saber cuidar de uma casa, intervalos bons para lavar roupa, variar o cardápio da alimentação. Além disso, tinha aulas na faculdade, trabalhos a fazer, uma monografia a escrever. Tudo isto me consumiu muito e o blog ficou de lado para eu cuidar de outras coisas.

Nestes dois últimos meses abandonei o blog por conta do processo seletivo do Mestrado em História da UFPR. O processo dura 4 meses no todo, desde a inscrição ao resultado final, mas a preparação começou muito antes, na verdade. Os primeiros textos relacionados com meu projeto de pesquisa eu li em janeiro deste ano. Meu ano foi todo dedicado ao processo seletivo do mestrado e à pós de Ensino Religioso que fiz, pois não consegui emprego como professora substituta este ano aqui no Paraná.

Ter um ano dedicado à estudar, a me aperfeiçoar foi muito bom. Quando terminei a graduação tinha certeza de que mestrado estava fora do meu alcance, mas minha orientadora da graduação não desistiu de mim e insistiu para que eu ao menos tentasse. E eu tentei. E hoje estou a um passo, uma etapa de ser uma mestranda ano que vem. Mas foi este processo que me consumiu nos últimos tempos. Foram muitas - muitas mesmo - horas de leitura e revisões, noites mal-dormidas por conta da ansiedade, momentos de crises de desespero por me achar burra e incapaz. Agora falta apenas uma etapa para este processo sofrido terminar. Claro que espero - e acredito - que o resultado será positivo, mas venha o que vier, poderei descansar.

Relendo o post, percebi que ele ficou confuso e sem sentido. Mas veio como um desabafo e tirada de pó daqui.