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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Entre tricôs, crochês e lembranças.

Sentou-se confortavelmente no sofá da sala, então calmamente colocou seus óculos e pegou as agulhas de tricô. Para ela, tricotar era uma terapia, mesmo que soubesse fazer poucas coisas com as duas agulhas e suas lãs. Sentada a tricotar ela se via perdida entre pensamentos, porque enquanto as mãos estavam ocupadas fazendo seu trabalho artesanal, a mente se via livre depois de ligar o automático. 

Enquanto sua mente vagueava entre tarefas futuras, de planos e sonhos, viu-se de repente na tarde em que aprendeu a tricotar com aquela senhora que lhe era tão querida. A maior reclamação da dita senhora era que a moça apertava demais os pontos, sendo assim difícil fazer a próxima carreira. E no exato momento em que sorriu por lembrança tão simples e singela, lembrou-se de sua mãe a lhe ensinar os pontos de crochê. A reclamação de sua mãe era a mesma: pontos apertados demais, o que no crochê era um problema mais sério do que no tricô. 

A moça tentou de todas as formas possíveis afrouxar os pontos que dava, tentando relaxar as mãos, como via sua mãe fazer, tentou soltar mais de seu fio, tentou e tentou. Mas talvez a verdade seja que a moça gosta de ter as coisas apertadas em si, pertinho, juntas, e por dentro do coração ter tantos nós e pontos apertados, as mãos apenas refletissem isso. Não era falta de habilidade para trabalhos manuais, apenas excesso de sentimentos e sensações dentro do peito.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Neófito.

"Não há mais nada que me prenda ao que eu não quero mais fazer
Eles confundem ilusão com liberdade
Se dizem "sim" se dizem livres, mas não podem dizer "não"
Fazem de conta que a imitação é de verdade
Tanta teoria para me embriagar
Ninguém me entende, mas vou continuar.
Comecei por um dia e nunca mais eu vou parar.
Fui do  inferno ao céu e não quero mais voltar.
Não preciso e não vou me explicar.
Não há loucura quando os loucos já confundem os normais.
Eles comparam o dinheiro com a vida.
Se comprar sempre, mas se vendem. Nada sobra para contar.
Fazem de conta que a opção não escraviza.
Mas eu não posso parar de falar
O que os meus olhos não cansam de enxergar.
Que comecei por um dia e nunca mais eu vou parar
Fui do inferno ao céu e não quero mais voltar.
Não preciso e não vou me explicar."