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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Embaralhando a felicidade.

Gostavam de jogar aquele jogo.
Ele adorava quando ela ganhava. Adorava ver o sorriso de vitória e malícia em seus lábios. Ela adorava ganhar e sentir-se capaz. Mas adorava perder também. Amava vê-lo campeão, vê-lo realizado com a alegria da vitória estampada em seus olhos e sorriso.

As regras mudavam de acordo com o humor de cada um deles. Às vezes se amavam e só queriam deitar juntos, sorrindo um pro outro. Tantas outras vezes não queriam calmaria. Queriam correr, gritar, cantar e expor a felicidade para o lado de lá.

A regra que nunca mudava nem mudaria era a que determinava que deviam estar juntos para serem felizes. Não importando o clima ou a duração do momento, cada nova experiência vivida juntos abria um novo leque de possibilidades para encontros futuros, possibilidades de novas formas de amar, de amor e admiração.

A cada novo encontro eles se viam mais felizes e apaixonados.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Vulto no espelho.

O dia ensolarado não refletia o que se passava do lado de dentro.
Ali continuava frio e chuvoso. Chovia desamor, chovia solidão.

O sol brilhava, crianças gritavam e gargalhavam, e o dia estava bonito. Mas ali não.
Não havia mais beleza em seu coração. Não havia mais de onde tirar calor.

Pensou muitas vezes em fugir, em se esconder.
Mas isso não era necessário.
Não fazia diferença na vida de ninguém, e não batiam à sua porta há mais de 20 dias. Se ficasse ali ou fosse para outro lugar seria a mesma coisa. Seria sempre apenas um fantasma, já que era tão pouco notado, e sua presença tão pouco desejada.

domingo, 15 de agosto de 2010

24.



Cometi tantos erros. Acordei tantas vezes ao longo da noite e senti falta de ar tantas vezes. Precisei de segundas chances mais de dez vezes. Bati minhas pernas uma porção de vezes, e com isso ganhei vários roxos.

Machuquei tantos corações. Vi o meu sangrar outras tantas. Sorri quando quis chorar. Chorei de alegria e emoção. Corri na chuva em busca de respostas, mas também me escondi embaixo das cobertas com medo dos trovões.

Comecei Dorian Gray algumas vezes e nunca o terminei. Li O Morro dos Ventos Uivantes tantas vezes que elas são incontáveis.

Me afastei de Deus algumas vezes, mas nunca estive sozinha. Quis fugir dEle um par de vezes, mas sempre corri de volta para Seus braços.

Passei noites incontáveis sonhando com um amor de filme, olhando para a lua. Hoje olho para ela e me lembro do meu amor maior do que os de cinema.

Dediquei inúmeros textos a fatos tristes. Acumulei muitas mágoas. Sangrei.

Hoje sorrio e sou feliz como nunca sonhei ser possível.
Sou amada e amo também.
E durante esta escrita, ouvi várias vezes 24 do Switchfoot.

"Spirit, take me up in arms with You..."

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O caminho se abriu.


Andando por ali encontrava de novo um motivo para voltar a ter força. Ali havia o cheiro característico que fazia sentir-se em casa. Havia os móveis de madeira antiga, que levavam suas lembranças para blusas de lã grossa feitas pela avó. Para fatias de bolo de fubá com café; que traziam ao seu nariz o cheiro de chuva na terra, um cheiro de infância.

Andando por ali conseguia encontrar em si a fé na vida, a coragem para lutar, a força para aguentar os possíveis machucados. Encontrava no caminho a beleza que lhe dava inspiração para escrever, lhe dava idéias de letras e fotos, fatos e contos.

Andando ali avistava um futuro promissor: casa, carro e filhos. Profissão que gostava, companhia que amava, e amava o que fazia também.

Ali havia um leque de opções se abrindo a sua frente.
Dentro de si encontrava um mundo novo a cada dia, com algumas certezas eternas, imutáveis.

domingo, 8 de agosto de 2010

Ao pé da janela.

"Você me ligou naquela tarde vazia
E me valeu o dia..."

Esperei, fiquei ansiosa, roí as unhas e nada fazia o tempo passar de maneira normal.
Estava aflita, precisando de tua voz, de teus suspiros e risadas. Precisava da tua prometida ligação

Quando não mais aguentava de saudade, você fez algo melhor do que eu podia esperar. De repente estava a sorrir ao pé de minha janela, com copos de café e bombons na sacola em sua mão.

Te sorri e corri abrir a porta.
Te recebi como quem está a ver um presente, algo fora do comum.

Espero o tempo que for, se for para ser tão bom assim toda vez que te encontrar. Espero a vida toda se for para te ter comigo durante todas as tardes vazias e frias noites.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Olhos comuns: castanhos.

O contorno de sua íris sempre passou despercebido, até o dia em que lhe disseram que este era uma fina linha azul. Então olhou dentro de seus olhos no espelho e encontrou a tal linha.

Houve um tempo depois disso que olhar-se no espelho doía, pois a finíssima linha destacava-se do resto do rosto, fazendo-a lembrar de tudo que passou.

Mas depois de muito tempo, nem lembrava mais do contorno azulado, nem de quem lhe contou este segredo.

Gostava de olhar no espelho e ver seus olhos quando cor de mel, caramelo ou chocolate, que eram as nuances de seu olhos que encantavam belos olhos azuis - estes azuis por inteiros.