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domingo, 21 de dezembro de 2014

Sobre o esteriótipo de homem do cinema que eu repudio.


No começo do filme 500 dias com ela, o personagem Tom Hansen discursa sobre como ele tem raiva da indústria do entretenimento, pois tanto os filmes quanto as músicas nos fazem acreditar no amor verdadeiro. No início do filme Ele não está tão afim de você a personagem Gigi Phillips começa com um discurso sobre como as mulheres são programadas a acreditar que se um homem age como um total imbecil com você, é porque ele gosta de você. 

Estes dois discursos são antagônicos até certo ponto, e ingênuos e equivocados a meu ver, mas nenhum deles é tão prejudicial quanto a imagem construída e reforçada pelo cinema e televisão de forma geral, em todo o tempo, de que homens de verdade, machões mesmo não amam e se casam, e se fazem isto, foi por pressão social. E neste ponto eu me pergunto: Qual é o problema de amar alguém e querer passar o resto da vida com esta pessoa? E se você não ama esta pessoa o suficiente para se ver com ela pelo resto da vida, não seja um perfeito babaca de continuar dando ilusões a ela de que "um dia" vocês casarão.

Os personagens do Ben Affleck e do Bradley Cooper são exemplos perfeitos de homens que tratam o casamento de maneira escrota: um evitando se casar e o outro alegando que "nenhum homem quer casar e quando casa, só pensa em todas as mulheres que não terá", e confesso que a cada vez que vejo algo do tipo, quero arrancar meus olhos, ou talvez outras partes deste tipo de homem. Hollywood tem reforçado durante muito tempo este tipo de comportamento como o comportamento ideal de um homem, e são poucos os filmes e seriados onde vemos homens sensíveis e dispostos a deixarem que os outros vejam sua sensibilidade. O próprio 500 dias com ela é um destes poucos exemplos: Tom Hansen é um cara legal, interessante, bonito e sensível e isto não faz dele um ~viado~. Esta representação que vemos no cinema, infelizmente reflete algo que vemos no nosso dia-a-dia constantemente e é um reflexo inegável do machismo da nossa sociedade. Os homens devem ser durões, pegadores e despreocupados com os sentimentos femininos - pois eles, em todo caso, nem devem ter tais coisas. E isto aprisiona e empobrece os próprios homens, que não podem sofrer ou ser felizes de verdade.

Agora pense um pouco: quantos caras você conhece que pouco se importam para suas namoradas na frente de outros caras? Que vivem no descaso delas, as desmerecendo, alegando por exemplo que "nunca casarão", ou que "ela é só um rolo, nada sério", "ela não é minha noiva"? Este tipo de afirmações são a premissa de caras idiotas que usarão camisetas como a da imagem usada neste post, pois afinal de contas "eles casaram porque a família/companheira/sociedade os pressionaram" e não por amarem suas companheiras. E aqui eu me pergunto de novo: Qual é o problema de amar alguém a ponto de querer ficar com ela pra sempre? A resposta é simples: não há problema algum nisto, mas a sociedade vive a se iludir e a manipular outras pessoas, perpetuando este tipo de pensamento machista e até mesmo misógino, produzindo assim mulheres que não se valorizam a ponto de chutarem um babaca deste tipo e homens babacas que acham que realmente são machos quando encaram o casamento como uma derrota de sua masculinidade e independência.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Eventos que mudaram o Facebook em 2014.

Esta semana alguns dos eventos loucuragens que sugiram no Facebook no primeiro semestre deste ano estão "acontecendo". Isto me fez voltar a dar risada com a retardadisse da galera, e meu marido falou que valeria um bom post pro blog.  

Por isso, farei uma compilação dos meus eventos preferidos que vimos circulando pelo Facebook ao longo deste ano. O start para estes eventos foram os eventos ~sérios~ de despedida da Presidenta Dilma no dia 5 de outubro, como de tantos governadores pelo Brasil a fora. E como a galera da zoeira nunca perdoa, vieram em seguida os eventos que fizeram nossa alegria num ano de mimimi de futebol e de eleição no Facebook. Abaixo, segue minha lista de confirmações. (Não colocarei todos, porque foram muitos, mas os melhores virão abaixo.)

Desde a infância, começar a Rock Rural do Cocoricó era uma alegria

Outro momento da infância era o triste momento em que o Buzz Lightyear percebe que não pode voar, e afoga suas mágoas no Chá da Dona Marocas
Confesso que vire fã de Harry Potter depois dos 11 anos de idade, mas vai saber, né? Voldemort havia determinado que o registro dos nascidos-trouxas fossem destruídos quando esteve no poder na Segunda Guerra Bruxa, então a esperança permanece
E claro, estando em Hogwarts, uma cervejada seria sempre bem-vinda
Ainda no campo dos mundos de fantasia, Tyrion não merece ser condenado pela morte do execrável Joffrey
Em contrapartida, um evento feliz para aliviar nossos corações. Aragorn lutou bravamente durante muitos anos, tanto para salvar a Terra Média do domínio de Sauron, como para recuperar o trono e a dignidade de sua família
E enquanto as pessoas esperam escrachar o Bentinho, eu estarei ao lado dele com um lenço, para secar as lágrimas da traição da Capitu
Este evento pode quase ser uma piada interna da família, pois eu e minha mãe já rolamos escada abaixo na casa dela
Por último, mas não menos importante, uma menção honrosa ao grande seriado Será se é colono? Hit da internet

domingo, 23 de novembro de 2014

Junho, o filme.

Ficha técnica:
Diretor: João Wainer
Roteiro: Cesar Gananian e João Wainer
Produção executiva: Fernando Canzian e João Wainer
Distribuição: O2 Play



Assisti na noite de sexta-feira este documentário produzido pela TV Folha sobre os protestos de junho/2013 no Brasil, e foi um misto de emoção, nostalgia, tristeza e muita decepção com o país. Emoção e nostalgia porque foi a primeira vez que vi os brasileiros se unirem por algo. Tristeza e decepção porque a união e luta reais foram momentâneas demais, e porque um pouco mais de um ano depois, nas eleições nacionais, colocamos no Congresso, o grupo de políticos mais conservador desde o pós-1964

É difícil conceber como um país que sente pela primeira vez que se quando ele se mobiliza, ele alcança coisas, se junta para reeleger certos governadores e senadores por aí, além de criar um congresso escroto como o que teremos a partir de fevereiro de 2015. Como conciliar as duas coisas? Como conciliar mudanças na política e avanço social com militares, evangélicos e ruralistas que lutam apenas por seus interesses mesquinhos e suspeitos?

O filme é um tapa na cara também de todos aqueles que replicaram o discurso de "O gigante acordou", pois nas periferias deste país, como diz o poeta Sergio Vaz, o Brasil nunca dormiu. A periferia e os movimentos sociais sempre estiveram despertos, lutando por melhores condições de vida e direitos básicos da população, enquanto a classe média finge não ver - ou realmente não vê, pois não se importa - a situação precária em que se vive nas diversas periferias do Brasil.

Eu realmente temo pelo futuro deste país. Não pela reeleição da Dilma, pois sozinha ela faz e pode fazer pouca coisa. Mas pelo legislativo que elegemos e que nos regerá pelos próximos 4 anos. Temo também por todo este movimento de extrema-direita que surgiu como o ponto de união pela luta da moral, dos bons costumes e pelos cidadãos de bem. Um movimento em escala global de crescimento da extrema-direita pode ser percebido, e isto assusta. Só espero estar errada em meus temores.

Sobre o filme, recomendo demais. Ele tem pouco mais de 1 hora de duração e vale a pena. Abaixo links de onde ele está disponível.

Netflix          Vimeo         Google Play

domingo, 16 de novembro de 2014

Sobre casamentos.

Ontem à noite fui num casamento. Ele foi realizado da maneira tradicional: cerimônia religiosa seguida por jantar com os convidados. Os noivos estavam lindos, a decoração estava bonita, a comida estava boa e mesmo assim, em meio ao evento me vi refletindo de que eu nunca casaria daquela forma. De fato, eu não me casei assim, e hoje - quase dois anos depois - não me arrependo de nossas escolhas. Como gosto de dizer, se tivesse mais dinheiro quando casei não teria feito nada diferente, apenas teria convidado mais gente para o que fiz. 

Nosso casamento foi diurno, pequeno e num café. Nada tradicional para os padrões brasileiros. Tivemos familiares e amigos mais próximos como convidados e tudo foi feito por nós, ou no máximo por pessoas de nossa confiança.



 Eu não me acho melhor do que ninguém por ter tido um casamento diferente. Apenas percebo quando eu lembro dele e olho para nossas fotos que tudo ali tinha o nosso jeito, a nossa personalidade e nos fez feliz. Nós alcançamos um sonho realizando o casamento como queríamos. Cada detalhe foi feito com carinho, e é muito bom olhar nossas fotos e ver como o nosso dia foi feliz. Desde as lembranças que demos para as pessoas ao menu com comidinhas que amamos, tudo foi escolhido a dedo.




O clima intimista e calmo também foi excelente. Só pessoas que realmente faziam parte de nossa história estavam ali, e dividir este momento com elas foi incrível.



Pode parecer bobo e vazio o post, mas é gostoso olhar para trás e ver quão feliz eu fui no preparativo de meu casamento, na celebração em si e em ter achado o companheiro perfeito para topar a aventura de ter um casamento tão fora do tradicional. E é ainda melhor saber que este companheiro vai estar ao meu lado em todas as outras empreitadas malucas que eu decidir pela vida. Sempre terei meu amigo para ser louco comigo. Afinal de contas, casar é muito bom.



segunda-feira, 10 de novembro de 2014

"Você comeria aqui?"

Eu ainda não sou mãe, mas espero que quando eu me tornar uma, possa alimentar meu filho em livre demanda (quando a mãe amamenta o filho no momento que ele quer, sem restrições de horários ou de lugar). E para que o aleitamento materno seja feito de forma mais efetiva, a mãe tem o direito de se sentir confortável em amamentar seu filho em qualquer lugar, no momento em que precisar. 

Mas infelizmente esta não é a realidade do Brasil nem de vários outros países do mundo. Há uma cultura machista que determina que a mulher pode expor seus seios nua no carnaval e tudo é lindo, mas se ela tira seu peito para fora para alimentar seu filho, então estamos vendo uma pouca vergonha, um desrespeito desta mulher com as pessoas ao seu redor. Esta cultura nojenta faz com que muitas mães tenham de amamentar seus filhos em locais escondidos, e muitas vezes não-higiênicos, como os banheiros de shoppings e restaurantes.

Pensando nos constrangimentos que estas mães e estes bebês tem que enfrentar, dois estudantes universitários norte-americanos criaram um projeto chamado When Nurture Calls (quando a alimentação chama, em tradução livre). A partir deste projeto, eles queriam invocar a sociedade a pensar a maneira como a amamentação, a alimentação destes bebês estava sendo tratada.

Bom apetite

Jantar particular

Mesa para dois
Como disse acima, a intenção deste projeto era chamar a atenção do direito que as mulheres deveriam ter de alimentar seus filhos no momento em que eles precisarem, sem ter de se incomodar com os olhares maldosos e políticas anti-aleitamento das mais diferentes instituições das quais mulheres são expulsas frequentemente por estarem amamentando seus filhos.

No Brasil já tivemos vários mamaços (amamentação coletiva) por protesto em locais que proibiram ou expulsaram mães que estavam amamentando seus filhos em público. Há uma petição online do grupo Aleitamento Materno Solidário (AMS) para que as mães tenham direito em todo o território brasileiro de amamentar seu filho sem ser constrangida a parar de fazê-lo. Para assiná-la, basta clicar aqui.

Caso queira conhecer mais do projeto dos estudantes Kris Haro Johnathan Wenske, há alguns meios de contato. O site criado depois da repercussão positiva das fotos, bem como a página do Facebook deles. 

Não deixe de participar desta briga. Todo bebê tem direito a ser amamentado quando precisa, onde quer que esteja. Esta luta é por crianças mais saudáveis.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Femuli - Feira Municipal do livro de São José dos Pinhais

A cidade de São José dos Pinhais organizou uma feira do livro no principal calçadão da cidade. A feira começou dia 04/11 e vai até amanhã, dia 08. Entre os eventos disponíveis na feira, foi possível assistir palestras com diferentes profissionais que buscam a valorização da leitura e da história, voltadas principalmente ao público infanto-juvenil e juvenil, com a participação de diferentes escolas municipais e estaduais da região na feira.

Ontem passei por lá no horário do almoço com meu marido e fizemos a festa da compra de livros. Num dos estandes da feira, todos os livros disponíveis à venda estavam R$10,00. E eram só livros novos, sem estrago algum, e muitos ainda embalados no plástico.

Todos estes livros sairam R$60,00, novos, em ótimo estado.

A variedade de livros que trouxemos para casa foi da mais diversa. De cima para baixo, os livros são os seguintes: 1453: A Guerra Santa por Constantinopla e o confronto entre o Islã e o Ocidente, de Roger Crowley; A guerra de Clara, de Clara Kramer; Os três mosqueteiros, de Alexandre Dumas; Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, Clint Eastwood - Nada censurado, de Marc Eliot; e por fim O Pasquim - Antologia vol. 3, de um grupo de autores.

O livro 1453 conta sobre a queda de Constantinopla, que teve sua queda ante ao Império Otomano, pondo fim ao Império Bizantino, bem como fim à Idade Média, conforme vemos diversas linhas historiográficas defendendo.


O livro A guerra de Clara me interessou, pois amo estudar a Segunda Guerra Mundial. Este livro, segundo as sinopses que li, conta a história da polonesa Clara Kramer, judia, que teve ajuda de um homem anti-semita para se esconder dos nazistas com sua família por 18 meses, se livrando assim dos terrores de Auschwitz e possivelmente da morte. 


Os três mosqueteiros é um livro que praticamente não precisa de apresentações. Li pela primeira vez há uns 8 anos e me apaixonei pela história. Já amava o filme (o antigo, aquele de 1993) e o livro me conquistou também. Comprei porquê livros e clássicos nunca são demais.


Dom Quixote é outro livro que dispensa apresentações. Clássico da literatura espanhola e mundial. Confesso que nunca li, mas meu marido sempre teve vontade de ler, por isso entrou para a lista também.


A biografia do Clint Eastwood também foi escolha do meu marido, mas o cara é um ator muito bom, além de ter filmes super renomados como diretor. Deve ser uma história muito boa, que eu provavelmente lerei.


O livro sobre O Pasquim entrou na lista por sermos um casal de historiadora e comunicador social. O Pasquim foi um semanário nacional, que circulou entre 1969 e 1991. Foi um refúgio do jornalismo nacional e da crítica ao regime militar nacional. Fiquei triste porque achamos só o volume 3, mas já é alguma coisa. Espero encontrar os outros em breve.


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Bepantol Derma versus Bepantol Baby.

Como não sou uma exímia blogueira, não haverão fotos comparativas entre os produtos, mas eu resolvi falar das pomadas Bepantol, pois uso-as há uns 3 anos nos cuidados de meus lábios. 

Eu sou uma pessoa que tem a pele muito seca e isto se estende aos meus lábios. Se passo um dia sem um lip balm, ou se durmo sem um hidratante labial, fico com a boca toda seca e rachada. E um dia, para minha alegria, descobri o milagre em forma de pomada chamado Bepantol. 

Li há muito tempo a Vic Ceridoro falando sobre o poder de hidratação da pomada Bepantol e que surgiria uma linha própria para o cuidado com a pele, e não mais teríamos que usar a pomada para bumbum de bebês. Comprei assim que achei a tal pomada e usei durante dois anos. (Sim, um tubinho durou dois anos, eu usando-o toda noite antes de dormir). Hoje, no site da Panvel, o tubinho de 20 gr. da Bepantol Derma custa R$29,48. 

Quando precisei comprar outro tubinho, percebi na farmácia que o Bepantol Baby é muito mais barato que o Derma, e resolvi arriscar. (tubinho de 30 gr. sai R$ 14,90 na Panvel) Estou desde o começo do ano usando esta outra pomada e posso dizer que gostei muito mais dela. A textura da Bepantol baby é mais oleosa (no sentido bom) e por isso eu sinto que hidrata melhor meus lábios do que a Bepantol derma. Ela desliza melhor nos lábios, não meleca nada e não fica com o aspecto branco estranho nos lábios, sendo que nos dias de inverno mais bravo aqui no sul, eu passava a pomada para sair de casa, pois ela é mais potente que um lip balm comum. 

Além deste ponto, as embalagens são diferentes. A embalagem da Bepantol Derma é de metal, sendo daquele tipo que quebra com o tempo, não rola um aproveitamento completo do produto e às vezes sai produto demais, mesmo contra a sua vontade. A Bepantol baby tem uma embalagem de plástico, que facilita a aplicação e evita o desperdício de produto, além de ser muito mais barata.

Recomento muito o uso do produto para quem tem os lábios ressecados, ou até mesmo em outras áreas do corpo, como cotovelos, joelhos e no rosto (embora eu use apenas à noite no rosto, para evitar possíveis manchas).

domingo, 28 de setembro de 2014

Sobre mudanças.



"Já faz tempo eu vi você na rua. Cabelo ao vento, gente jovem reunida. 
Na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais"

É muito difícil falar sobre mim, mas hoje surgiu a necessidade de escrever, de botar pra fora algo que eu nem havia percebido que estava a me incomodar. Hoje me vi refletindo sobre mudanças. 

Durante os anos de escola, acreditava - como toda adolescente - que minhas amizades eram fortes e infinitas. Mal podia imaginar minha vida sem aqueles que me rodeavam, e jurava que sempre estaria ao lado destas pessoas. Assim como uns 95% dos adolescentes, eu estava errada. A primeira grande mudança que vivi e que me distanciou de meus amigos foi a escolha de curso da universidade. Enveredei pelas humanas, enquanto todos os outros foram para as biológicas e exatas. No big deal, eu pensei. 

Mas a partir desta mudança, eu pude perceber que eu nem era assim tão parecida com os meus amigos quanto eu supus durante a época do colégio. Eu percebi que no colégio nós éramos um grupo porque precisávamos uns dos outros, e porque as diferenças que existiam entre nós eram - naquele ponto - menores do que as semelhanças. Os grupinhos de amizade, os rolos e casinhos, as fofocas e as risadas, saídas, provas, estudos e vestibular nos mantinham unidos. Nunca faltava assunto, e um sabia cuidar - no bom sentido - da vida do outro. Mas fora do colégio, sem esta convivência diária, percebi que a cola que mantinha o grupo como tal deixava de existir a cada dia. 

Este ano fará 7 anos desde que me formei no ensino médio. E nestes sete anos, as distâncias, físicas e metafísicas só foram aumentando. Era cada vida que se seguia, novas responsabilidades, novos amigos, novos rolos que os antigos amigos já não acompanhavam, novos valores e conhecimentos que não importavam para o outro. E durante muito tempo isso me doeu. Tive dificuldade em lidar com o fato de que minhas amigas já não se importavam em fazer apenas programas que eu não gostava, sem tentar ceder um pouco para eu me encaixar. E percebi que eu também não estava disposta a ceder. Por que haveria de ser apenas eu a ceder? Neste cabo-de-guerra não sei se alguém saiu vencedor. 

Hoje olho para as fotos de saídas que nem mais fui convidada, e sei que a culpa paira sobre todas as nossas cabeças. Ninguém foi realmente incisivo em tentar se reaproximar. E a cada novo evento social em que todos sem juntam, é sempre aquela coisa artificial, fria. Apenas em nome dos velhos tempos. Eu não sei mais de meus antigos amigos. O que vejo na internet mostra apenas que não temos mais os mesmos gostos e interesses, e a saudade que dá no peito não é da pessoa que existe hoje, mas daquela que me acompanhou durante anos, anos atrás. É uma saudade de alguém que não existe mais, embora nem mais eu mesma de 17 anos exista. É uma saudade que sinto de um tempo bom, alegre e feliz que vivi, embora eu saiba que não há como voltar, não há como vivê-lo outra vez. As amizades que tive nunca serão por mim desprezadas. Só me dou conta, hoje, de que já não somos mais os mesmos.

sábado, 13 de setembro de 2014

#Terminei - Quem é você, Alasca? - John Green

Terminei a leitura deste livro há poucos minutos e continuo sem fôlego e sem palavras. É o 4º livro do John Green que leio, apesar de ter sido o primeiro romance escrito por ele. Os que já li foram O Teorema Katherine,  Cidades de Papel e por fim o A culpa é das estrelas. Nos três lidos anteriormente havia muita comédia, muito de uma adolescência feliz, embora com seus problemas. Neste livro - desde o começo - tive a sensação de estar lendo algo melancólico, muito mais denso do que havia me acostumado na escrita de Green.

O enredo apresentado nas sinopses do livro falam de Miles Halter, um garoto aparentemente normal e solitário da Califórnia. Miles é aficcionado por últimas palavras. Cansado de ser sozinho em sua escola, Miles decide ir para a escola interna Culver Creek, no Alabama. Ali conhece seus primeiros amigos verdadeiros. Há toda uma questão de descoberta de si mesmo e da convivência com o outro no enredo do livro, mas o que mais chamou a minha atenção foram os conflitos vividos pelo grupo de amigos da história. São conflitos que podem parecer bobos a muitos adultos, mas são reais e importantes na vida de muitos adolescentes, e muitas vezes por não encontrarem compreensão em seus pais e professores - que geralmente são os modelos dos adolescentes - acabam tomando decisões erradas e não sabendo enfrentar os problemas que a vida apresenta.

Em sua escrita, John Green nos faz ter reflexões profundas, mesmo a partir da voz de um adolescente. Nos livros dele me vi refletindo sobre Deus, sobre minha vida, sobre os planos para o futuro e sobre a morte. De maneira despretensiosa, ele nos leva a pensar, sem nem mesmo perceber que estamos refletindo sobre algo mais profundo que não o simples dilema adolescente apresentado pelo personagem em questão.

Eu poderia discorrer sobre o enredo do livro, mas acho que as surpresas e descobertas devem ser feitas da maneira correta: lendo o mesmo. E se você ficou com medo de lê-lo por ser um livro sobre adolescentes, não tema. Muitas das incertezas e dos medos da nossa adolescência nos acompanharão por toda nossa vida. 

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Minhas impressões - Gibicon Nº2

Entre os dias 4 e 7 de setembro, aconteceu aqui em Curitiba, mais especificamente no Museu Municipal de Arte (MUMA), a Gibicon Nº2. A Gibicon é um evento que acontece em Curitiba há algum tempo e reúne muitos dos quadrinistas nacionais e até alguns nomes internacionais. Este ano vimos por aqui nomes como David Llyod, Kin Jung Gi, Solda e Vitor Cafaggi.



Dos 4 dias de evento, eu pude comparecer apenas no sábado. Imagino que tenha sido o dia de maior público, pois o Muma estava realmente cheio, mas mesmo assim o evento estava plenamente organizado, era possível - mas não fácil - se locomover e eu e o @jonathazimmer conseguimos ver tudo aquilo que queríamos. Pela manhã, o Jonatha conseguiu os autógrafos do Vitor e da Lu Cafaggi no nosso Turma da Mônica Laços e no Valente e no V de Vingança o autógrafo foi do David Llyod.











A tarde vimos o debate da Gaphic MSP, que tinha como proposta discutir as dificuldades e alegrias enfrentadas no processo de se adaptar os clássicos do Maurício de Souza numa nova roupagem, desenhada pelas mãos de outros autores. Na conversa tivemos Sidney Gusman (editor da Graphic MSP), Danilo Beyruth (Astronauta Magnetar), Cris Peter (Astronauta Magnetar), Lu Cafaggi (Laços), Vitor Cafaggi (Laços), Eduardo Damasceno (Bidu Caminhos) e Luís Felipe Garrocho (Bidu Caminhos). A conversa foi muito boa, e ouvimos sobre o ponto de vista de cada autor no processo criativo deles, assim como a luta na figura de Gusman para bancar o projeto todo. Por fim tivemos os próximos teasers divulgados.





A graphic novel do Louco será desenhada por um paranaense, o Rogério Coelho, e como bairrista que sou, fiquei mega orgulhosa. Mas tirando o bairrismo à parte, achei o teaser simplesmente sensacional. Honestamente, os trabalhos apresentados pela Graphic MSP tem sido sensacionais. Dos que li até agora (faltam Piteco Ingá e Bidu Caminhos) o que menos gostei foi o Chico Bento Pavor Espaciar, mas mesmo assim foi uma leitura legal e agradável, principalmente pelas referências de cultura pop ao longo da graphic.

Mas voltando para a Gibicon em si, depois da mesa da Graphic MSP, pegamos autógrafo do Danilo Beyruth, Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho. Só fiquei triste depois que soube que o Shiko estava no evento e o nosso Piteco não teve o autógrafo. Mas de forma geral o evento foi incrível, a organização está de parabéns, tanto pelo evento em si como pela disposição das pessoas que estavam lá nos atendendo. O povo que tava lá trabalhando estava totalmente solícito, prestativo e tal.

E outra coisa que vale ser ressaltada e muito exaltada é o fato de Curitiba ter se colocado cada vez mais numa rota cultural alternativa. A Gibicon já tinha tido outras edições, mas esta foi muito boa, muito bem organizada e teve muito apoio da Prefeitura. Isso dá orgulho e alegria, por ver nossa cidade valorizando coisas tão boas. Há poucos meses tivemos na UTFPR a Megacon, outro evento voltado pro público nerd, e agora a Gibicon. Espero que o sucesso de ambos os eventos dê força para que eles continuem acontecendo, e particularmente da Gibicon, que ela sirva cada vez mais para impulsionar o trabalho dos artistas independentes e dê ânimo e esperança para os que querem seguir este caminho. Uma das coisas que mais me emocionava andando pelo Muma era ver tantas crianças no evento, com suas pastinhas e cadernos de desenhos. Cultura só faz bem!

Abaixo, algumas imagens das exposições que também estavam rolando no MUMA.