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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

As comparações entre Marta e Neymar e o machismo disfarçado nesta discussão.

Quem me acompanha há algum tempo, sabe que eu realmente gosto de futebol. Assisto jogos, amo Copa do Mundo e as Olimpíadas. Apesar de nunca ter sido muito atlética, amo este espírito.

Nesta Olimpíada, algo tem chamado minha atenção desde o começo: a comparação entre a seleção feminina de futebol com a seleção masculina, que não vive um bom momento (apesar de não ser o mesmo elenco que sofreu o tal 7x1). 

O comportamento das pessoas tem seguido o mesmo roteiro: assistir aos jogos da seleção feminina e exaltá-las por elas estarem jogando melhor que os homens, e não por estarem jogando bem. No dia seguinte, assistem ao jogo da seleção masculina para vaiar e reclamar como eles estão jogando menos que as mulheres e precisam aprender com elas. Além disso, no último jogo do Brasil (contra o Iraque), a arquibancada ficou gritando que a Marta era melhor que o Neymar e tal. Você pode discordar de mim, mas se eu uso uma mulher para diminuir um homem, soa como se a mulher fosse ela própria inferior, e o homem não ter o mesmo desempenho (ou superior) que ela mostrasse a sua fraqueza. Estão usando nos estádios o nome da Marta como usam o "bicha": para diminuir o atleta que está jogando.

Além de ser extremamente machista esta atitude, as pessoas ficam usando a figura da seleção feminina como exemplo só porque estão infelizes com a seleção masculina. É como se as meninas só fossem boas jogadoras nos momentos que os homens estão fazendo merda. Muitas das pessoas que vejo fazendo estas comparações idiotas não são pessoas que me lembro de acompanharem o futebol feminino. Ano passado tivemos a Copa do Mundo Feminina, e não lembro de ter tanta gente dando pitaco. Além disso, muitos dos que estão exaltando as mulheres apenas em comparativo com os homens são pessoas que se dizem feministas ou pró-feminismo.

A valorização do esporte feminino e da atleta não deve vir apenas pelo mal desempenho dos homens, ou em desmérito destes por não estarem apresentando um rendimento à altura das mulheres. O esporte feminino deve ser valorizado por ser um esporte. Estas mulheres, especificamente no caso do futebol brasileiro, devem ser valorizadas por terem um alto rendimento e por conseguirem chegar onde chegam apesar de não ter nenhuma valorização dentro do ~país do futebol~. 

Então se você quer reclamar dos homens, não o faça comparando as mulheres em sentido pejorativo, e se você quer elogiar as meninas, não faça isso em comparação aos homens. 

domingo, 21 de dezembro de 2014

Sobre o esteriótipo de homem do cinema que eu repudio.


No começo do filme 500 dias com ela, o personagem Tom Hansen discursa sobre como ele tem raiva da indústria do entretenimento, pois tanto os filmes quanto as músicas nos fazem acreditar no amor verdadeiro. No início do filme Ele não está tão afim de você a personagem Gigi Phillips começa com um discurso sobre como as mulheres são programadas a acreditar que se um homem age como um total imbecil com você, é porque ele gosta de você. 

Estes dois discursos são antagônicos até certo ponto, e ingênuos e equivocados a meu ver, mas nenhum deles é tão prejudicial quanto a imagem construída e reforçada pelo cinema e televisão de forma geral, em todo o tempo, de que homens de verdade, machões mesmo não amam e se casam, e se fazem isto, foi por pressão social. E neste ponto eu me pergunto: Qual é o problema de amar alguém e querer passar o resto da vida com esta pessoa? E se você não ama esta pessoa o suficiente para se ver com ela pelo resto da vida, não seja um perfeito babaca de continuar dando ilusões a ela de que "um dia" vocês casarão.

Os personagens do Ben Affleck e do Bradley Cooper são exemplos perfeitos de homens que tratam o casamento de maneira escrota: um evitando se casar e o outro alegando que "nenhum homem quer casar e quando casa, só pensa em todas as mulheres que não terá", e confesso que a cada vez que vejo algo do tipo, quero arrancar meus olhos, ou talvez outras partes deste tipo de homem. Hollywood tem reforçado durante muito tempo este tipo de comportamento como o comportamento ideal de um homem, e são poucos os filmes e seriados onde vemos homens sensíveis e dispostos a deixarem que os outros vejam sua sensibilidade. O próprio 500 dias com ela é um destes poucos exemplos: Tom Hansen é um cara legal, interessante, bonito e sensível e isto não faz dele um ~viado~. Esta representação que vemos no cinema, infelizmente reflete algo que vemos no nosso dia-a-dia constantemente e é um reflexo inegável do machismo da nossa sociedade. Os homens devem ser durões, pegadores e despreocupados com os sentimentos femininos - pois eles, em todo caso, nem devem ter tais coisas. E isto aprisiona e empobrece os próprios homens, que não podem sofrer ou ser felizes de verdade.

Agora pense um pouco: quantos caras você conhece que pouco se importam para suas namoradas na frente de outros caras? Que vivem no descaso delas, as desmerecendo, alegando por exemplo que "nunca casarão", ou que "ela é só um rolo, nada sério", "ela não é minha noiva"? Este tipo de afirmações são a premissa de caras idiotas que usarão camisetas como a da imagem usada neste post, pois afinal de contas "eles casaram porque a família/companheira/sociedade os pressionaram" e não por amarem suas companheiras. E aqui eu me pergunto de novo: Qual é o problema de amar alguém a ponto de querer ficar com ela pra sempre? A resposta é simples: não há problema algum nisto, mas a sociedade vive a se iludir e a manipular outras pessoas, perpetuando este tipo de pensamento machista e até mesmo misógino, produzindo assim mulheres que não se valorizam a ponto de chutarem um babaca deste tipo e homens babacas que acham que realmente são machos quando encaram o casamento como uma derrota de sua masculinidade e independência.

sábado, 23 de agosto de 2014

O machismo nosso no dia-a-dia.

Esta semana meu marido cortou seu dedo lavando a louça aqui em casa. Ao ir para o hospital - que inclusive é onde ele trabalha - a maioria das mulheres ficou absolutamente deslumbrada e chocada ao saber que no seu dia de folga, meu marido lavava a louça enquanto eu trabalhava. Todas estas mulheres que ficaram maravilhadas com um marido que ajuda nas tarefas domésticas ficaram o rodeando e comentando "como eu - Tamyres - tinha sorte em ter um marido destes." 

Assim como o Jonatha, que ficou indignado com estas reações, pois nas palavras dele "ele não faz nada demais, apenas os outros maridos é que fazem de menos", eu me revolto e me deprimo quando ouço este tipo de coisa. É realmente algo tão absurdo assim um homem ajudar sua esposa nas tarefas domésticas? Numa sociedade machista, é sim. A maioria das mulheres gostaria de ter um marido companheiro como o meu, e mesmo aquelas que ainda vivem oprimidas debaixo da nossa cultura machista, sem saber que há um mundo, com homens e mulheres diferentes, deseja ter uma vida melhor, um marido companheiro e não "seu dono". E se tantas de nossas mulheres gostariam de uma sociedade melhor e menos machista, porque a sociedade não apresenta mudanças? 

Simples: porque estas mulheres dão continuidade à cultura machista na qual foram criadas e na qual casaram dentro de suas casas, com seus filhos e filhas. Não estou aqui dizendo que todas as mulheres fazem isto, mas a maioria sim. O que vemos nas mulheres na faixa dos 35-45 anos são mães que exigem que suas filhas arrumem a cama de maneira impecável, enquanto o quarto do filho pode ser a zona que ele quiser. Mães que ensinam as meninas desde muito novas de que elas tem a obrigação de ajudar na arrumação da casa e ensinam os filhos de que eles devem encontrar esposas que sejam tão boas donas de casa quanto ela própria - sua mãe - sempre foi. Vemos mães que obrigam as filhas a lavarem a louça todo dia enquanto o filho sai jogar futebol com os amigos no campo do bairro, ou do prédio, porque afinal, o machismo não é um problema de classes sociais distintas. Ele atinge todas as classes econômicas e sociais.

E o que isto demonstra? Que estas mulheres gostariam de ter conhecido determinado tipo de homem - ainda raro hoje em dia, infelizmente - e não tiveram esta alegria, mas ao mesmo tempo não fazem nada para que a geração de mulheres que casará com os seus filhos tenha mais escolha e sorte ao encontrar um marido que não considere degradante ajudar sua esposa nas tarefas domésticas. Enquanto o pensamento das próprias mulheres que não gostam do machismo não mudar e elas não compreenderem o seu papel no empoderamento de suas filhas e na conscientização de seus filhos, a nossa sociedade pouco avançará em direção à uma sociedade mais igualitária e menos machista.