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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

"Fiquei noiva!" - A questão do orçamento.

Como prometido, dando continuidade aos meus posts sobre casamento, hoje venho falar sobre o tão temido orçamento. Este será o cara que invariavelmente lhe tirará muitas noites de sono e te afligirá até o grande dia, mas caso você e seu noivo não façam um bom planejamento do orçamento desde o início, ou ultrapassem o planejado em cada detalhezinho, a dor de cabeça será estratosférica. 

O orçamento do casamento é a segunda coisa mais importante a ser decidida pelo fato de que para tudo na vida, precisamos de dinheiro. Para um casamento, sempre precisamos do dobro de dinheiro. O mercado dos casórios é um mercado caro por natureza, que em média cobra valores 50% mais caros do que para outro evento. Por isso, é fundamental a questão do dinheiro estar bem resolvida. Caso você queira fazer um mega casamento e não poderá contar com a ajuda da família, pesquise quanto você gastaria e calcule em quanto tempo junta o máximo de dinheiro para atingir esta quantia. Muitas pessoas tem o hábito de parcelar suas compras, mas em se tratando de casamento, a última parcela sempre será nos dias antecedentes ao evento, por isso quanto mais compras parceladas, mais coisas você terá que pagar no último mês de solteira. E lembre-se: pagamentos à vista dão desconto.

Eu sou uma pessoa que super defende que os outros lutem por seus sonhos, mas neste caso, seu sonho cabe em seu bolso? Se você não quer abrir mão de um casamento caro, terá de abrir mão de outras coisas para seu orçamento fechar. Talvez vender o carro, deixar de ter lua-de-mel, não comprar o apartamento. E não apenas casamentos caros comprometem o orçamento. Você pode ter resolvido fazer um casamento pequeno, barato, mas a cada novo serviço fechado, extrapola um pouco o limite que tinha pré-estabelecido. A cada compra de decoração feita, passa da linha novamente só um pouquinho. No final, some todos estes pouquinhos e você perceberá como ultrapassou o orçamento total. A cada vez que você gasta um pouco a mais em alguma coisa fora do orçamento, você terá de diminuir o orçamento previsto para outra área de seu casamento se quiser fechar o orçamento no azul.

E o que realmente importa é fechar o orçamento no azul, pois as consequências não param na hora da festa. Se você comprometer o orçamento de seu casamento, a chance de você ter também comprometido o orçamento dos primeiros meses de sua vida de casada são enormes, e eu acredito que um dos piores problemas num início de casamento é começar a vida a dois cheios de dívidas já. Se você fizer seu casamento sem se importar com seu orçamento, você terá dinheiro o suficiente para comprar os móveis que desejou? Decorar a casa como quis? Ter uma estabilidade e tranquilidade financeira nesta fase tão boa de recém-casados? Ou seu começo de casamento será um estres, a cada mês fechando o saldo na corda-bamba, pois ainda há dívidas do casamento pendente? É nesta pergunta que você deve refletir e se responder. 

sábado, 23 de agosto de 2014

O machismo nosso no dia-a-dia.

Esta semana meu marido cortou seu dedo lavando a louça aqui em casa. Ao ir para o hospital - que inclusive é onde ele trabalha - a maioria das mulheres ficou absolutamente deslumbrada e chocada ao saber que no seu dia de folga, meu marido lavava a louça enquanto eu trabalhava. Todas estas mulheres que ficaram maravilhadas com um marido que ajuda nas tarefas domésticas ficaram o rodeando e comentando "como eu - Tamyres - tinha sorte em ter um marido destes." 

Assim como o Jonatha, que ficou indignado com estas reações, pois nas palavras dele "ele não faz nada demais, apenas os outros maridos é que fazem de menos", eu me revolto e me deprimo quando ouço este tipo de coisa. É realmente algo tão absurdo assim um homem ajudar sua esposa nas tarefas domésticas? Numa sociedade machista, é sim. A maioria das mulheres gostaria de ter um marido companheiro como o meu, e mesmo aquelas que ainda vivem oprimidas debaixo da nossa cultura machista, sem saber que há um mundo, com homens e mulheres diferentes, deseja ter uma vida melhor, um marido companheiro e não "seu dono". E se tantas de nossas mulheres gostariam de uma sociedade melhor e menos machista, porque a sociedade não apresenta mudanças? 

Simples: porque estas mulheres dão continuidade à cultura machista na qual foram criadas e na qual casaram dentro de suas casas, com seus filhos e filhas. Não estou aqui dizendo que todas as mulheres fazem isto, mas a maioria sim. O que vemos nas mulheres na faixa dos 35-45 anos são mães que exigem que suas filhas arrumem a cama de maneira impecável, enquanto o quarto do filho pode ser a zona que ele quiser. Mães que ensinam as meninas desde muito novas de que elas tem a obrigação de ajudar na arrumação da casa e ensinam os filhos de que eles devem encontrar esposas que sejam tão boas donas de casa quanto ela própria - sua mãe - sempre foi. Vemos mães que obrigam as filhas a lavarem a louça todo dia enquanto o filho sai jogar futebol com os amigos no campo do bairro, ou do prédio, porque afinal, o machismo não é um problema de classes sociais distintas. Ele atinge todas as classes econômicas e sociais.

E o que isto demonstra? Que estas mulheres gostariam de ter conhecido determinado tipo de homem - ainda raro hoje em dia, infelizmente - e não tiveram esta alegria, mas ao mesmo tempo não fazem nada para que a geração de mulheres que casará com os seus filhos tenha mais escolha e sorte ao encontrar um marido que não considere degradante ajudar sua esposa nas tarefas domésticas. Enquanto o pensamento das próprias mulheres que não gostam do machismo não mudar e elas não compreenderem o seu papel no empoderamento de suas filhas e na conscientização de seus filhos, a nossa sociedade pouco avançará em direção à uma sociedade mais igualitária e menos machista.

domingo, 17 de agosto de 2014

"Como o sol vê você".

Confesso que eu não sou a pessoa mais adepta ao uso de protetor solar diarimente. Os hidratantes que uso para o rosto tem fator de proteção, mas todo o resto do meu corpo sempre está exposto ao sol sem proteção alguma. Depois de ver o vídeo abaixo, minha concepção da importância do protetor solar mudou totalmente.


O documentarista Thomas Leveritt foi para as ruas num dia ensolarado com uma câmera sob luz ultravioleta, que é capaz de mostrar muitas das imperfeições da nossa pele que ainda estão invisíveis aos nossos olhos. Estas imperfeições foram causadas por anos de exposição ao sol sem a devida proteção. Ao fazer os trausentes passarem protetor solar, uma nova surpresa.

Vale assistir o vídeo e passar na farmácia mais próxima comprar um protetor de qualidade para proteger sua pele e mantê-la bonita por mais tempo.

sábado, 9 de agosto de 2014

"Fiquei noiva!" - As primeiras definições sobre seu casamento.

Ontem me deparei com uma matéria na revista Marie Claire que falava sobre uma noiva que justificou sua lista de casamento em seu Facebook. Para quem nunca casou, pode parecer um drama pequeno reclamar do tamanho da lista de convidados, mas depois de passar por esta experiência, toda pessoa sabe que qualquer convite "a mais" ou "a menos" pode se transformar no seu pesadelo pelos próximos meses ou até mesmo anos. 

Eu já casei e passei por este processo, e depois de ler esta forma de se livrar das pessoas incovenientes desta noiva, resolvi escrever um pouco sobre o que eu aprendi no processo de preparação do meu próprio casamento.

O primeiro passo para começar a pensar na forma que o seu grande dia terá é definir a quem você quer satisfazer. Muitos blogs sobre casamento afirmam que a primeira coisa a definir é o orçamento, mas eu discordo. Você deve ter acertado com seu noivo sobre quem vocês dois irão satisfazer no seu casamento. Ele será para vocês dois ou para pais, mães, família ou amigos? Muita gente pode achar que eu estou sendo babaca ao colocar os noivos como ponto principal, senão único nesta decisão, mas hoje vivemos em tempos onde os próprios noivos bancam seus casamentos, então não há mais uma "obrigação moral" de fazer o casamento conforme os planos e sonhos dos seus pais. Quanto antes você definir se o seu casamento será de acordo com a sua vontade ou de acordo com a vontade dos outros, mais forma o seu casamento terá.

- "E o que você quer dizer com isso, Tamyres?"
Simples. Qual é o sonho seu e de seu noivo sobre um casamento perfeito para vocês? Casamento grande ou pequeno? De dia ou de noite? Num café, num restaurante elegante ou numa catedral linda? Casamento no cartório seguido de viagem de lua-de-mel? Nesta hora, caso vocês queiram fazer o casamento para agradarem vocês em primeiro plano, todas as expectativas dos pais, irmãos e tios devem ser deixadas de lado. Apenas as expectativas do casal devem entrar na roda, pois a partir desta definição todo o resto de seu casamento será definido.

Mas eu logo aviso uma coisa: é preciso coragem, força e persistência para fazer o casamento do seu jeito sem que a família interfira de forma negativa. Eu tive muita sorte neste ponto. Meu marido sempre quis a mesma coisa que eu, que era um casamento pequeno e fora do comum, com a nossa cara em tudo. Decidimos como seria e desde o começo deixamos claro aos familiares e amigos que nós estávamos organizando o casamento e ele seria como a gente queria. Casamos num café delicioso num sábado de manhã de verão. Tivemos menos de 30 convidados, mas todos eles eram pessoas importantes e que não mudaríamos hoje. Tivemos que enfrentar a família com a cobrança por convidar a "tia que se vê nos Natais apenas" e sempre tivemos peito para enfrentar. Outros casais podem preferir evitar de brigar com os pais e preferem convidar todos os parentes que os pais determinam, mas isto interfere tanto na forma de como será o casamento, quanto também no preço dele. 

Mas sobre orçamentos, falarei no próximo post...

P.S. Eu não quero dizer com este meu texto que os pais e amigos devem ser totalmente desconsiderados na organização de um casamento. O que eu penso, na verdade, é o seguinte: a cada vez que você aceitar opinião da sua mãe e ignorar os pedidos de sua sogra - ou vice-versa - por exemplo, você se meterá num tremendo problema. Quando se abre espaço para uma pessoa interferir, muitas outras se sentirão no mesmo direito, e isto tende a se tornar uma bola de neve que no final das contas você não controlará mais. O importante é ter cautela.

domingo, 3 de agosto de 2014

#Terminei - Yakuza Moon - Shoko Tendo

Além de escrever por aqui, sou editora colaboradora no blog Crentassos. Por lá, escrevo sobre os livros que eu terminei a leitura e posto minhas impressões sobre os mesmos. Postarei os textos por aqui também. Abaixo, minha primeira participação no site.
***Contém spoilers do livro***
Durante anos passei por este livro em diversas livrarias, e a primeira coisa a me chamar atenção nele foi sua capa. Que tatuagem mais linda, eu pensava. Em segundo, a curiosidade de ler sobre a Yakuza - a grande e temível máfia japonesa. Somente anos mais tarde fui comprar o livro, e levei mais algum tempo para tomar coragem para o ler.
As sinopses de internet e da contra-capa do livro sempre prometeram muito:
“Esta obra é o relato verídico sobre a luta bem-sucedida de uma jovem mulher, filha de um rico chefe da Yakuza, para escapar do ostracismo e do abuso. Também uma rara oportunidade de entrar no hermético mundo da Yakuza e, o melhor, a partir de um ponto de vista privilegiado.”
Confesso que a princípio, a leitura deste livro me decepcionou. Imaginei durante anos que eu saberia de segredos escusos e terríveis da Yakuza. Achei que a menina teria sofrido nas mãos de um pai violento, que a teria obrigado a se casar com um homem mais velho, independente da vontade de Shoko.
Quando sentei ler, minha decepção não tardou a chegar. Shoko tomou seu próprio caminho rumo à sua destruição. Shoko tinha uma vida relativamente normal para a filha de um mafioso. Estudava numa boa escola, tinha uma mãe amorosa um irmão e irmãs. Apesar disso, toda a família sofria com o temperamento agressivo e intempestivo do pai, e com o preconceito de toda a vizinhança, pois estes sabiam que o sr. Tendo era da Yakuza. Na escola, Shoko se sentia deslocada e sozinha, e dentro disso tudo ela acaba conhecendo o mundo dos yanki através de sua irmã Maki, aos 12 anos de idade. Nas palavras de Shoko, ser uma yanki era “uma dessas adolescentes rebeldes que descolorem o cabelo e andam pela cidade em carros envenenados ilegalmente ou motocicletas com o escapamento aberto”.
A partir desta nova vida apresentada a ela por sua irmã, Shoko ruma à sua destruição. Drogas, sexo, brigas de rua super violentas e relações amorosas auto-destrutivas passaram a ser a vida de Shoko. Neste meio tempo o pai de Shoko adoeceu, viu seus negócios ruírem e por isso, abandonou a Yakuza. Shoko passa a ter encontros sexuais com um ex-colega Yakuza de seu pai, que promete não cobrar todas as dívidas do sr. Tendo caso Shoko mantenha o caso com ele. Além disso, este homem em questão consegue suprir a dependência química de Shoko no tal speed, que eu acredito ser heroína pela descrição do livro.
Neste ponto do livro eu já odiava Shoko, e quase nem pena dela eu conseguia sentir. Ela escolheu o caminho que trilhou, era o meu pensamento. Honestamente, ainda o é hoje em dia. Talvez se vivesse numa família não-Yakuza, ela não se sentiria sozinha e não teria se sentido atraída pela vida yanki, mas colocar tudo no campo das possibilidades é isentar Shoko de sua culpa em suas próprias escolhas. Além do mais, nem sua irmã mais nova nem seu irmão mais velhos trilharam este rumo, mesmo tendo vivido a mesma vida difícil e tendo enfrentado os mesmos problemas que Shoko e Maki.
Mas mais do que uma decepção, o livro me foi um choque. O livro retrata um Japão que eu nunca imaginei existir. Um Japão de um machismo incrivelmente forte e aberto, onde as mulheres são brutalmente espancadas por seus namorados ou maridos e ninguém faz nada. Um Japão onde simplesmente não há um sistema público e gratuito de saúde. Sei que o SUS não é nenhuma maravilha, mas quando percebi a realidade japonesa, confesso que dei graças a Deus diversas vezes por termos um serviço de saúde gratuito no Brasil. O brasileiro tem uma síndrome de inferioridade e desmerecimento do próprio país que, ao ler este livro e conhecer um Japão tão assustador assim, fez sim eu agradecer por viver num país em desenvolvimento, ao invés de viver no belo país de primeiro mundo que é o Japão, mas nas condições apresentas no livro.
No período da sua vida narrada por Shoko, praticamente todos os homens com quem ela se envolveu a espancaram brutalmente mais de uma vez. E eu digo de espancamentos mesmo. Costelas quebradas, semanas no hospital, infecções oriundas dos espancamentos que levaram meses para se curar. Em todos os casos, ela nunca denunciou, pois sabia que ninguém faria nada para defendê-la, para protegê-la de algo que é considerado normal no Japão.
Apesar de não mostrar quase nada da estrutura da Yakuza, de não contar nenhum segredo revelador e nem de ter sido apenas vítima na história, a biografia de Shoko Tendo é um livro forte e chocante em muitos aspectos. Foi um livro que me fez questionar muito de meu senso comum e olhar para além do que eu - e boa parte da nossa sociedade - sempre idealizei como sendo o Japão. Um relato muito mais profundo da cultura japonesa do que dos segredos da Yakuza, mas mesmo assim muito bom. Vale a leitura.