Páginas

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Marguerite.

"Havia nela uma certa candura. Via-se que ainda era virgem de libertinagem. Seu passo firme, a silhueta esguia, as narinas róseas e abertas, os olhos enormes e levemente circundados de azul denotavam uma dessas naturezas ardentes que expandem ao seu redor um perfume de voluptuosidade, como aqueles frascos do Oriente que, por mais bem fechados que estejam, deixam escapar o aroma do licor que contém.

Enfim, fosse natureza, fosse consequência do seu estado doentio, de vez em quando passavam relâmpagos de desejo pelos olhos daquela mulher e eles revelavam que sua entrega poderia ser como uma revelação do céu para aquele que Marguerite amasse. Mas aqueles que a haviam amado não contavam, e os que ela havia amado contavam menos ainda.

Em resumo, reconhecia-se naquela moça a virgem que um nada tornara cortesã e a cortesã que um nada transformava na virgem mais amorosa e mais pura. Havia ainda em Marguerite orgulho e independência, dois sentimentos que, feridos, são capazes de fazer o que faz o pudor."

A Dama das Camélias - Alexandre Dumas Filho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário