Através da janela embaçada pela chuva, ela via grossas gotas escorrendo do lado de fora. O céu cinza chumbo parecia chorar copiosamente, tal a intensidade daquela chuva e da dor que ela transmitia. Ela porém, apesar da dor que aquele dia cinza estava transmitindo, não conseguia despregar os olhos do cenário que sua janela lhe dava. A xícara de chá na mão, o livro solto ao lado da cama, a cabeça cheia de pensamentos e aflita. Era como se alguma coisa importante tivesse sido esquecida nos últimos dias, ou mesmo tivesse passado despercebida.
Sentada ali, contemplando o dia choroso que se escorria lá fora, ela de repente notou algo que muito lhe atraiu. Entre todos os casacos e guarda-chuvas pretos e cinzas que quase se confundiam com a cor do dia, passou debaixo da janela dela um casal muito interessante. De mãos dadas, cada um debaixo do seu próprio guarda-chuva, ali estavam eles quebrando a monotonia daquele dia monocromático. Ela com seu guarda-chuva vermelho vivo e ele com seu guarda-chuva azul safira, andando e rindo, pois suas gargalhadas venciam a força do vento e da chuva, e entravam pela janela daquela moça com o chá na mão e o livro do lado.
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