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sábado, 24 de janeiro de 2015

#Terminei - Jogador nº 1 - Ernest Cline

Comprei o livro Jogador número 1 de presente de Natal para meu marido há algum tempo. Ele havia ouvido falar sobre o livro no MRG e desde o começo ficou muito interessado na história do mesmo. O que era um presente para ele, acabou sendo um presente para nós dois. Depois de terminada a leitura do livro, o Jonatha ficou ainda mais entusiasmado com o mesmo e me garantiu que eu adoraria o livro. Ele estava absolutamente certo.

O livro se passa num futuro distópico no ano de 2044 no qual o planeta terra enfrenta uma crise terrível de fontes de energia, mais precisamente de combustíveis usados nos meios de transporte. Com isso, algo que se tornou comum nesta sociedade é se fazer pilhas intermináveis de trailers para que as pessoas pobres vivam mais próximas de seus trabalhos. Com a sociedade vivendo neste caos de pobreza extrema, surge uma forma de escapar da realidade pobre e dura: o Oasis. O Oasis é uma realidade virtual criada por um dos maiores programadores de videogame do mundo, James Halliday, um cara excêntrico que construiu um império dentro da área de tecnologia voltada para jogos e revolucionou o mercado dos mesmos.

Halliday e seu melhor amigo Ogden Morrow viveram na década de 80 e eram apaixonados pela cultura nerd desta década e do final do século XX de maneira geral. Com o passar do tempo criaram o Oasis, uma experiência totalmente imersiva de vida virtual, onde as pessoas começaram apenas se divertindo, mas o jogo logo foi usado pelo mercado como forma de se realizar transações econômicas reais também.

O começo do livro demora um pouco a engrenar e ficar realmente empolgante, pois a realidade descrita acima nos é apresentada de forma a nos ambientar neste futuro distópico, que como disse meu marido, é um dos mais possíveis para nosso mundo vistos na literatura.

Mas desde a morte de Halliday o maior interesse das pessoas dentro do Oasis passou a ser o jogo que Halliday propôs num vídeo depois de sua morte: encontrar a sua herança dentro do jogo. Aquele que seguisse suas pistas encontraria três chaves e ao final da jornada encontraria o ovo, e com isso herdaria toda a fortuna estimada em 200 bilhões de dólares deixada por Halliday. O ovo é uma alusão a um tipo de referências cruzadas - e escondidas - encontradas frequentemente em obras nerds chamadas easter eggs, uma referência às caças de ovos de páscoa que as crianças fazem. 

E nesta jornada nós acompanhamos Wade Watts, um garoto de 18 anos que se tornou um caça-ovo, um entre os milhões de daqueles que estudam para encontrar a herança de Halliday. Wade é um garoto pobre, tanto no mundo real quanto virtual, que se tornou obcecado com a ideia de ficar bilionário encontrando o ovo e assim sair da vida miserável que leva. Desde a morte de Halliday, cinco anos se passam e Wade busca incansavelmente encontrar a primeira chave, a Chave de Cobre, para dar continuidade na busca pelo ovo. O conhecimento dele de cultura pop, musical, de videogames e filmes dos anos 80 é imenso, tudo para tentar compreender a mente de Halliday e ter alguma esperança de compreender o jogo criado pelo mesmo. E este conhecimento é recompensado quando Wade encontra a primeira chave.

A partir deste momento do livro os acontecimentos começam a ocorrer de forma cada vez mais rápida e alucinante. Nas sinopses do livro vemos a seguinte descrição para os acontecimentos que se seguem à descoberta da primeira chave: "De repente, o mundo todo se volta para acompanhar seus passos, e milhares de competidores se unem na busca, entre eles, jogadores poderosos e dispostos a cometer assassinatos para tirar Wade do caminho. Agora, a única maneira de Wade sobreviver e proteger tudo o que ele conhece é viver."

E de fato, a vida de Wade muda drasticamente a partir deste ponto, mas o que acontece ao final cabe a você descobrir. O que me fez amar este livro, além da história incrível e da narrativa envolvente, foram de fato as referências nerds presentes ao longo de toda a obra. Confesso que mais de 60% das referências eu não conhecia, e algumas talvez nunca conhecerei, como por exemplo todos os jogos de videogame antigos citados no livro, mas mais do que uma história divertida, o livro é uma homenagem incrível a todo um universo e seus criadores. Star Wars, Pacman, Star Trek, Monty Python, Senhor dos Anéis, Dungeon and Dragons e mais milhares de referências nos fazem saborear cada página. Uma homenagem a todos os programadores de videogame que nos deram muitos momentos de diversão. A todos os autores que nos deram universos fantásticos com os quais sonhar. A todas as pessoas consideradas estranhas por jogar RPG, mas que no fundo eram incrivelmente inteligentes e relevantes. Neste livro vemos toda a cultura nerd ser exaltada, quase que santificada, numa homenagem e num reconhecimento de tudo isso que tem valor para todos nós, os nerds. É uma leitura  que eu considero  que qualquer pessoa que se considere minimamente nerd tem que fazer.

Texto postado originalmente em: http://crentassos.com.br/blog/2014/08/terminei-jogador-no-1-ernest-cline.html

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