A menina nunca teve a pretensão de ser modelo. Sonhava em ser bailarina. Admirava os movimentos precisos, os pés sempre perfeitamente posicionados, os braços alinhados e o corpo firme e suave. Sonhava com sapatilhas e espacates.
Buscava constantemente a elasticidade física e emocional que a dança exige de suas meninas e meninos, mas ela não tinha aptidão - leia-se dom - nem empenho o suficiente para cometer os sacrifícios necessários.
Guardou em seu armário a sapatilha gasta e a saia de tule, e no coração a tristeza por ter sido fraca demais, por ter desistido de flutuar nos palcos enquanto seu corpo ainda aguentava o impacto das quedas. Agora vivia melancolicamente a lembrar dos movimentos e coreografias que um dia realizou, e se culparia eternamente por sua falta de empenho e persistência.
- Mas este era um sonho quase impossível de reviver.
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