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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Adeus.

Colocou Elvis para tocar propositalmente. Queria a voz dele para acompanhar as letras que enchiam o papel timbrado que tinha em mãos. Num momento triste como esse, nada melhor do que a voz dele para encher o ambiente, e aliviar um pouco a dor, afastá-la um pouco. Era bom tê-lo como companhia.

Sentia-se sozinha agora, mais do que antes, quando ela o tinha ali. Eles haviam se perdido um do outro há tanto tempo, que ela já nem lembrava como era ter alguém se importando com consigo. Ele dizia sempre amá-la, mas nunca demonstrava. Dava-lhe beijos, mas eram frios e distantes. Jurava não querer mais nada na vida, mas nunca estava lá para ampará-la. 

Um dia ela cansou. 
Não mais esperaria beijos verdadeiros ou abraços quentes. Não mais sonharia com o amor que ele dizia dar, e ela queria receber.
Assim partiu. 

Hoje recebia a carta, com a letra daquela música que ele sempre cantarolava pedindo perdão. Sempre pedia desculpas por sua negligência, por sua falta de atenção. Justificava os atos, implorava seu amor. E ali estava ela, lendo aquelas mesmas desculpas, acompanhadas de um adeus definitivo.

Hoje, ele partia.

Um comentário:

  1. Elvis já embalou tantas tristezas... É uma ótima companhia pra esses momentos, claro.
    E recomendo outra aqui: Billie Holiday - Stormy Blues

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