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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Sobre ser professora



Com 17 anos de idade, comecei a ter certeza de que queria ser professora de história. Para muitos, ser professor é visto como uma profissão menor, pois rende menos dinheiro, mas naquele momento, inspirada pelos professores fantásticos que tive na vida, eu sabia que era isso que eu queria fazer. 

Ao longo da faculdade, enfrentei muitas crises de nervosismo e falta de confiança, pois tinha amigos oriundos de escolas melhores que a minha, que falavam 2, 3 línguas, que manjavam tudo de Word quando eu nem nota de rodapé sabia fazer. Mas mesmo assim, resolvi enfrentar o curso até o final. 

Até que eu fiz a primeira aula do estágio supervisionado. Um 6º ano de escola pública, cheio de alunos ansiosos e agitados e eu. Naqueles dias, eu tive a confirmação daquela certeza que sentia desde os 17 anos. Mais do que querer, eu devia ser professora. Era na sala de aula, em frente a vários alunos, falando sobre história que meu coração vibrava. Ali, pela primeira vez na vida, me senti realmente boa em alguma coisa que fazia. 

Me tornei professora de fato alguns anos mais tarde, descobrindo e desbravando como ser professora sozinha, porque a faculdade não me preparou para isso. As aulas de Didática e Metodologia não me prepararam para lidar com 20, 30 ou 40 indivíduos de uma vez, nem fazê-los se interessar pelo que estou a falar. Nem me prepararam para os momentos de indisciplina, de violência verbal ou física que às vezes enfrentamos em sala. Mas mesmo assim, toda vez que começo uma aula, me sinto preparada para dividir um pouco de mim e do meu conhecimento com meus alunos, e - por mais clichê que isso possa parecer - para aprender com eles todos os dias.

Amanhã inicio um novo ciclo letivo e por mais que a preguiça de voltar a trabalhar sempre bata, estou ansiosa por saber para quais turmas darei aula, para pensar em maneiras diversas de abordar os conteúdos exigidos, por trazer uma história cada dia menos eurocêntrica e mais diversificada para eles. 

Como disse uma colega minha "Em uma sociedade que lucra com a ignorância, ser professor é revolucionário" e eu busco, a cada novo dia de trabalho, revolucionar um pouquinho a sociedade, porque como disse outra professora colega, a gente continua nessa profissão porque não consegue mudar o mundo sozinhas, então precisa formar nossa Armada Dumbledore para continuar na resistência.

Que o ano de 2018 traga bons ventos para os professores brasileiros e que resistamos! A nossa luta nunca acabará.